23.9.04

LÁZARO

Por toda a semana assistimos ao breve ressuscitar do Dr. Sampaio do seu pesado sono presidencial. Entre visitas a hospitais e a centros de saúde destinadas a dissipar "nevoeiros" e "espumas" (sic), Sampaio esboçou um ou outro propósito de "resistência" à valsa da "taxa moderadora" tocada por mero acaso por Santana Lopes. Com o seu ar de actor de filme mudo, o ministro da saúde, respeitador dos novos costumes, achou muito bem que fossem revistas as ditas taxas na linha do "pensamento" do seu primeiro-ministro. Riu-se e abanou graciosamente a cabeça quando lhe perguntaram se isso não colidia com a opinião do presidente. E assim ficou. Numa visão optimista das coisas, que não é definitivamente a minha, talvez Sampaio tenha começado, muito ao de leve, a perceber no que é que está metido. O medo que demonstrou em Julho perante a avassaladora dupla Santana/Portas tolheu-lhe irreparavelmente o mandato político. Só lhe resta, porventura como mera consolação, distribuir uns conselhos e enunciar umas vagas intenções "moderadoras". Qual Lázaro, Sampaio lá vai seguindo como pode o conselho da mãe de Sartre, em As Palavras: deslizem mortais, não façam peso.

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