Passa hoje um ano sobre o desaparecimento da cineasta, fotógrafa e aventureira Leni Riefenstahl. Morreu com 101 anos e aos setenta e dois tinha descoberto o prazer do mergulho para melhor poder captar a "magia" do mundo submarino. Até ao fim, Leni foi uma figura controversa, mesmo quando se dedicou à pesquisa e à fotografia em África ou ao estudo dos Nuba. A sua história fica marcada indelevelmente pelo seu encontro com Hitler, no período de formação do III Reich. Juntamente com Albert Speer, o jovem arquitecto que ajudou o Führer na concepção grandiosa e totalitária da estética nazi, Leni realizou os mais famosos filmes/documentários sobre a "magnificência" da "nova Alemanha" de Adolf Hitler. "O Triunfo da Vontade" e as "Olimpíadas" de 1936, em Berlim, são os melhores testemunhos filmográficos dos momentos da ascensão do regime e da encenação fantástica que o acompanhava. Os alemães deram-se bem com esta nova ordem absoluta, pelo menos até começarem os desmandos da guerra. Hitler não emergiu do acaso. Como extraordinário oportunista e visionário que era, soube "cavalgar" o descontentamento da sociedade alemã dos anos 20, humilhada pela derrota na I Guerra Mundial e insatisfeita com a "democracia burguesa" que lhe sucedeu. Prometeu ao seu povo "um homem novo", coisa que os políticos "democratas" que apareceram depois um pouco por todo o mundo também adoram promover. Leni Riefenstahl e muitos outros ajudaram Hitler a "compôr" a imagem da futura "Germania", o nome que o Führer queria dar a uma Alemanha cujas fronteiras começavam no extremo norte da Europa e terminavam nos Urais. Sabe-se como este "sonho" acabou. A "guerra total" e a obsessão anti-semita arrasaram a ambição do antigo cabo austríaco e arrastaram a "nação do espírito" para o abismo e para a destruição. À eterna questão das suas relações com Adolf Hitler, Leni respondia assim:
"Passaram estes anos todos a perguntar-me se eu tinha sido namorada de Hitler.
"Passaram estes anos todos a perguntar-me se eu tinha sido namorada de Hitler.
Durante todos esses anos dei sempre a mesma resposta: não, foram só falsos rumores, eu apenas fiz documentários para ele".
Imagem do filme "O Triunfo da Vontade"
A última paixão de Leni, África:
o estudo e a fotografia dos Nuba
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