27.9.04

A CARAVANA

Ao horror do crime sucede o horror da novela mediática. A eleição do secretário-geral do PS passa nos intervalos das poças de sangue. O vampirismo da massa ignara junta-se ao arrivismo das reportagens repetidas à náusea. Esta exploração da nossa profunda miséria instintual e cultural, aliada à económica, equivale à indigência dos ambientes em que o crime tem lugar. É, aliás, uma subtil manobra de propaganda e uma forma assaz retorcida de "fazer política". O primarismo gosta de se ver e de ser visto na televisão. Enquanto os cães ladram, a caravana passa.

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