5.9.04

IMPROVISAÇÃO ORGANIZADA

O primeiro-ministro arrastou os seus "governantes" para uma reunião descontraída em Évora. Na véspera, os mesmos convivas tinham estado a preparar este conselho de ministros alentejano, segundo a "central de informação", até à madrugada. A razão de tão prolongada dedicação à causa pública estava numa espécie de "teste americano" que Santana Lopes obrigou os pobres dos ministros a preencher em dois ou três dias. O exercício parece que se destinava a inventariar o que eles tinham feito nos cinquenta dias que levam de imolação no altar da Pátria e aquilo que pretendem ou têm a fazer de acordo com a vulgata do "programa do governo". Eles só tinham praticamente que colocar as "cruzinhas" no lugar certo, deixando a Lopes a tarefa da divulgação e a "visibilidade" das medidas e das "obras". O método resume o "estilo". À saída do "conventinho" e com "elegância", Lopes preparou-nos para o pior, culpando, como é costume, o "monstro-Estado" pelos "apertos". A sua intuição política já lhe segredou que, desta vez, a coisa é mesmo "a sério" e difícil. Não admira, pois, que "bata" no Estado por que é ironicamente o primeiro responsável. E que o queira - grande novidade, grande "medida", grande "obra"! -"reformar". Precisamente para não resolver nada de fundamental e para tapar o vazio que abunda, Lopes inventou esta "estranha forma de governar", errático-mediática, assente na única concepção "ideológica" que se lhe conhece: a improvisação organizada. Um dia no Porto, no outro em Évora, agora em conselho "informal", depois em reunião "extraordinária" ao sol ou à chuva, com ou sem gravata, este governo não dará muito mais do que isto.

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