19.12.06

O DR. PINHO E O ENGENHEIRO

O dr. Manuel Pinho, que normalmente "não dá uma para a caixa", decidiu exonerar "às pressas" o engenheiro da entidade das energias que, por sua vez, já tinha pedido a demissão. Este gesto - dos poucos a que Pinho se atreveu - visou exclusivamente evitar que o dito engenheiro comparecesse no Parlamento para prestar esclarecimentos ainda como presidente da entidade. Alguém mandou Pinho fazer isto, já que não parece que o homem tenha fibra política para fazer o que quer que seja. O engenheiro até pode ter ou deixar de ter razão. Não é isso que interessa. O que me interessa relevar é que, afinal, as entidades reguladoras podem ser "reguladas" por cima, por quem manda. Agora esta, outro dia a da comunicação social, a seguir outra qualquer. Se as entidades reguladoras são meras farsas ao dispor do primeiro mandarim, por que não se acaba com elas?

5 comentários:

Anónimo disse...

Vale tudo e o seu contrário.
Sejam felizes : emigrem.

Anónimo disse...

Olhe que o Pinho, para não se ficar a saber as burradas que fez com o tarifário electrico, até era capaz de fazer - SOZINHO - o que acabou de fazer...

Capiche ?

:-)

João Gonçalves disse...

Pedro Martins:Os 15% eram um disparate à conta de um mercado muito discutível, o do gás, electricidade e novas energias, a ser pago já a partir de Janeiro por toda a gente. Se V. queria pagar, o problema é seu. Quanto à natureza da entidade, institucionalmente independente mesmo quando não acerta, isso é posto em causa com este despacho. Daí defender que não deviam existir nenhumas entidades reguladoras, fosse para o que fosse. Para o lugar do demissionário vai um antigo secretário de Estado da Energia do engº Guterres. Percebe?

António Viriato disse...

Meu Caro : outro milagre da governação socrática. E oposição, reprovação generalizada, indignação mediática, vimo-la ? Pois é... mais um espanto...

Anónimo disse...

Se eu queria pagar?! O problema é que tanto eu como você vamos pagar esse acréscimo independentemente da nossa vontade ou crenças políticas. Seja em 3 anos (como era a proposta inicial da ERSE, respeitando a legislação então existente, o que implicava os 15.7% de aumento em 2007), seja em 10, como agora propõe o governo. Acréscimo que resulta essencialmente de dois factores: 1) um déficit tarifário originado em 2005 e 2006 pela impossibilidade regulamentar então existente das tarifas em Baixa Tensão crescerem acima da inflação (o que ocorreu em anos de forte acréscimo nos custos de produção via crise petrolífera); 2) pela repercussão nas tarifas dos investimentos em energias renováveis. Este déficit não desapareceu e tanto eu como você vamos pagá-lo. Em 10 anos agora e não em 3 como antes. O criticável nesta situação, e aí estou de acordo consigo, é esta atitude discricionária do governo que resolve mudar a legislação a meio do jogo "só" porque os valores das tarifas resultantes de legislação anterior que ele mesmo aprovou não lhe agradam. E é isso que mata qualquer independência de uma entidade reguladora.

Para V. ser coerente terá que defender 2 coisas, em simultâneo: 1) inexistência de qualquer entidade reguladora independente nem que seja porque, na sua opinião, nunca seria independente; 2) inexistência de um mercado livre de comercialização de electricidade à escala ibérica, o qual será sempre inexequível enquanto 1) se mantiver.

Se defender ambas as alíneas, estamos conversados. Ainda que politicamente discordemos.


Pedro Martins