26.7.06

GÉMEOS

Enquanto me deliciava com uma espetada de tamboril, apareceu, numa televisão por cima da minha cabeça, o "patrão" do Hezbollah, cujo nome me escapa. Pareceu-me luzidio, tranquilo e bem dispostinho, por debaixo daqueles óculos bestialmente ocidentalizados e daquela barba hirsuta. Pela legendagem, percebi que o referido senhor pretende ir mais além de Haifa, uma cidade israelita que os seus petardos têm atingido. Do lado contrário, deu-se o caso de os respectivos petardos terem ido de encontro a quatro observadores da ONU, em território libanês, cada vez mais primitivo. Também, ainda a espetada ia a meio, vi um simpático porta-voz do governo de Israel a prometer um inquérito "e tal, e que talvez não tivesse sido bem assim, e tal". Apesar de os israelistas terem melhor aspecto que o senhor do Hezbollah, a digestão do tamboril inflamou as minhas brechas anti-semitas (atenção Eduardo: eu sou daqueles que não têm medo da expressão) que, já de si, são bastante frágeis. À medida que a guerra avança, dá-me ideia que o senhor do Hezbollah e os senhores do lado contrário se aproximam cada vez mais. Epistemologicamente falando, digo eu, quais "gémeos" guerrilheiros e políticos, uma coisa que consta estar na moda. Todavia, perdoe-se-me a pergunta, mas o que é que aqueles "líderes" atarantados (de quê e de quem?) foram fazer a Roma? Para a coisa ter sido perfeita, só faltou mesmo o dr. Barroso e a sua sempre preclara "visão" sobre a "vida internacional". Mandou o eterno valet de chambre Solana que equivale a pouco mais que nada. Isto promete. Pode ser que o Paulo Gorjão - que é "especialista" - me possa esclarecer.

8 comentários:

Anónimo disse...

Até parece que D. Margarida de Sousa Banana e D. Leonor Ribeiro de Sivah, permitiam que o Zé Manel tivesse um valet de chambre.
Impensável.
O Gorjão n percebe nada de Médio-Oriente.
Peça esclarecimentos a Jose Manuel Pureza e a Miguel Monjardino. Deixe-se de fantasias.

Anónimo disse...

Espeto mais em carnes tenras do que em peixes gelatinosos...

Anónimo disse...

Acertadíssimo o tom e o conteúdo do post:tragi-comédia. O espectáculo trágico a que estamos a assistir não se podia eternizar.É preciso aliviar um pouco para bem da nossa sanidade mental.

Anónimo disse...

Afirmativo, JG:
Estão bem uns para os outros e cada vez mais semelhantes.
Qualificação que já há tres anos, me ocorreu atribuir a dois grandes lutadores pela democracia. E pela verdade.
Bush & Sadam.
Ainda estamos para ouvir dizer que um qq movimento terrorista da região, está dotado de ADM´s.
Para estimular as nossas cruzadas pós-modernas.

Anónimo disse...

Extraído do blog CADERNO DE VERÃO:


O caso Helena Matos
A minha boa amiga Ana R. enviou-me a carta que segue, que se bem percebi é uma espécie de carta aberta, em circulação na net. Se posso perceber o que motivou os seus autores a escrevê-la, não posso concordar com ela, por razões de forma e de fundo.
As primeiras são as mais fáceis de explicar: todo o parágrafo que começa com a frase "Os comentários de Helena Matos são uma espécie de João Carlos Espada de latrina..." é para esquecer, e não há boas causas que justifiquem tão más maneiras.
Quanto às de fundo, começam com a invocação, que me parece a despropósito, do "pós-fascismo" de H.M. e/ou da sua "ideologia" (seja lá o que isso é); ora pós-fascistas somos todos nós, felizmente, porque o fascismo foi vencido em 45 no coração da Europa e em 74/75 na sua periferia, Portugal incluído, e o seu regresso não está na ordem do dia; o fascismo é hoje entre nós uma memória histórica necessária e insubstituível - mas referi-lo assim descontextualizado abre precedentes perigosos, como ilustra a recente invenção de um tal de "fascismo islâmico", um conceito que apesar da sua evidente estupidez vai fazendo o seu caminho.
H.M. será pois "conservadora", no sentido de defender com um zelo que me parece meta-jornalístico o status quo (e, logo, os privilégios dos mais poderosos) na base de um raciocínio lógico verum-factum, segundo o qual, se os mais fortes - no caso, os EUA e Israel - são efectivamente mais fortes, é porque tal deveria necessariamente acontecer (ou seja, como diz o povo, porque o que tem de ser tem muita força...). Eu nunca vi a Senhora, nem faço questão, mas a avaliar pelo estilo, deve ter passado os seus melhores anos na meritória e utilíssima tarefa de "reconstruir o Partido"...
Mas se H.M. é conservadora, liberal é que eu não aceito que seja, porque o liberalismo (de Locke a Stuart Mill) implica uma crença fundamental na igualdade do género humano e na existência de direitos de que todo a humanidade deve beneficiar por igual, isto é, a compreensão de que uma vida na "tolerante Haifa" vale tanto como na (intolerante, supõe-se) Beirute ou Sídon - e é precisamente isso que está em causa no apoio a esta gritantemente desproporcionada reacção militar do Estado de Israel: o que une neste particular personagens como o Papa Bento XVI ou o responsável pela ajuda humanitária da ONU (além de, muito mais modestamente, eu próprio) é o repúdio por uma táctica militar desumana e finalmente - porque não dizê-lo? - racista, que leva a considerar a vida de civis (árabes, neste caso) como simples meio para alcançar objectivos militares e políticos de Israel e dos EUA.
Há, obviamente, sobre o conflito do Médio Oriente muito mais a dizer: a sua génese neo-colonial, a tentativa de perenizar a "limpeza étnica" de que a Palestina foi objecto no passado, o estatuto dos árabes no Estado judaico, a constante violação das Resoluções da ONU por parte de Israel, a situação abjecta em que vivem os habitantes dos territórios ocupados, as questões relativas à partilha de recursos fundamentais, etc...; tudo isso, porém, eu deixo entre parêntesis, porque o que está em questão, hic et nunc, é o mais fundamental dos direitos das populações do Líbano e da Palestina - o seu direito à vida.
Ora a este propósito existem - em Portugal, na Europa, no Ocidente, no Mundo - duas linhas, duas tradições políticas fundamentais: uma acredita na igualdade do género humano, homens e mulheres, pretos e brancos, árabes, judeus ou seja o que for; a outra acredita no direito do mais forte e na inferioridade intrínseca de alguns povos; à primeira pertencem liberais, democratas, católicos engagés, socialistas, comunistas - o histórico consenso anti-fascista; à segunda, pertencem os veneradores dos preconceitos, os que acham que os mais fortes têm ipso facto razão, que a humanidade não é uma única e nem todos têm igual direito a viver em paz.
H.M. não é fascista coisa nenhuma; será uma conservadora, se quiserem, mas nunca uma liberal, no sentido radical do termo - numa única palavra, eu chamar-lhe-ia apenas reaccionária (na esperança de que ela não se zangasse por isso).
António Figueira

A Vera Quitério no activo

O último comentário de Helena Matos ultrapassa a normalidade e mediania dos seus escritos, em que o fundo de direita liberal e conservadora procura enevoar a ideologia pós-fascista que lhe está subjacente, para se lançar numa diatribe contra os que de, alguma maneira, condenam Israel. Para ela é tudo muito simples, a preto e branco. De um lado os bons, EUA e Israel, do outro os maus, necessariamente apoiantes dos terroristas e das forças do eixo do mal. Para ela existem diferenças fundamentais entre ayatolas, rabis e mensageiros de deus baptistas que nós, maus a sério ou assim-assim, não descortinamos. Para ela o actual conflito israelo-árabe resume-se ao rapto de soldados israelitas (rapto? Curiosamente utiliza-se esta terminologia sem se questionar onde, em que local foram “raptados” os soldados! Estavam a dormir nalguma caserna do Tsahal? Estavam a jogar ás cartas em casa numa qualquer aldeia de Israel? Estavam num posto fronteiriço em território da sua nação?) intolerável para Israel que para se defenderem, fazem o que está à vista de todos e que alguns, na perspectiva de Helena Matos, por via do seu contumaz anti-americanismo e anti-semitismo, teimam em condenar.
Para combater os maus vale tudo, mentiras, manipulações, bombas, assassinatos selectivos, está tudo justificado por intervenção divina. Não terão estes conflitos objectivos estratégicos? O muro para evitar a passagem de suicidas coincide com a bacia hidrográfica daquela região dando a Israel, com os montes Golan, o domínio praticamente absoluto sobre todos os recursos aquíferos. Será um acaso? Os suicidas não serão um pretexto? Neste conflito o que se ouve ensurdecedoramente é falar da Síria e do Irão. Os EUA não estarão a necessitar com alguma urgência de gás e o Irão não é quem possui a segunda maior reserva mundial desse recurso energético? E se começarem a funcionar bolsas de mercado de recursos energéticos em que a moeda de troca não for o dólar, isso não afecta esse papelucho que só vale enquanto valer para comprar um barril de petróleo e é actualmente um dos principais, se não for mesmo o principal, bem de exportação dos EUA? Quanto pesa no PIB sionista manter uma máquina de guerra, de arsenais conhecidos e desconhecidos, como a que possuem? Quem os subsidia a fundo perdido e porquê? No campo da ética Israel tem algum escrúpulo em sacrificar os seus desde que o negócio renda? Não transformou o Holocausto numa indústria rentável sem respeito nem grande benefício para quem sofreu essa brutalidade inominável? Estas questões não são mera retórica, são questões de fundo que parece não incomodarem quase ninguém, muito menos as helenas matos.
Os comentários da Helena Matos são um género João Carlos Espada de latrina. Agora, apertada pelos acontecimentos, ultrapassou os limites da não seriedade em que se continha e decidiu traçar as fronteiras do mapa da humanidade. De um lado os bons, os puros, os que ressuscitarão na terra prometida no dia do juízo final. Do outro os camaradas e os seus amigos de direita inimigos da liberdade, anti-semitas reciclados, um bando execrável que odeia as Helenas Matos e outros serventuários do mesmo jaez, essa camarilha de Mónicas Lewinskis de Bush e demais rapaziada neo-conservadora.
Nota final. Sabemos muito bem quem é a Vera Quitério. Conhecemos várias. Não há ideologias que lhes resistam. Estão em todos e por todos os lados. Têm um único móbil a vaidade. O Mário Carvalho é que, infelizmente, quando inventou a Vera Quitério não conhecia a Helena Matos, uma perda irreparável para o enriquecimento do perfil da personagem.

posted by CadernodeVerão at 12:40 PM

Anónimo disse...

Bem, já agora, perdoe-se-me a pergunta, mas o que é que aqueles observadores atarantados andavam a fazer no Líbano?
Estavam mesmo a pedí-las, não estavam?

Anónimo disse...

E porque é que vai a tropa do rectângulo,se fôr:
3 a 4 mil euros mes limpos.
Juntem custos transportes, alimentação, despesas funcionamento.
Talvez 5.000 euros homem mês.
A bem do défice, a bem da dívida pública.

Anónimo disse...

JG
De facto as forças da ONU não estavam lá a fazer nada.Primeiro não evitaram ataque nenhum por parte do hizbullah depois os aguerridos leões deste movimento terrorista "chegam-se" tanto aos ditos postos da ONU que ficam a metros medidos pelos dedos duma mão, de onde atacam e se defendem usando os da ONU como escudos humanos... Antes nunca houve notícias nem condenações disso... agora que um projéctil desviou lá se foram 4 da ONU mas também e de certeza alguns hizbullah´s...
Neste mundo a preto e branco cada um escolhe o tom que quer mas que cinzentões são oa mais numerosos não existem dúvidas.
Eu acho que Israel deve destruir aquilo tudo pois que não existe população civil nenhuma é tudo guerrilheiros que começam logo de pequeninos a aprender o ofício de martir e de bombistas.É pena que assim seja mas vendo as coisas á ocidental já Israel não existia.
Com tanta tolerância cada vez vejo a Europa mais "cercada" por dentro...