15.7.06

COM A CABEÇA DENTRO DE ÁGUA - 2

Uma das instituições mais ferozmente corporativas, o Ministério Público, promoveu, no Porto, um jantar alegadamente destinado ao "convívio" entre magistrados e à comemoração dos 30 anos da Constituição. O dr. Cluny, o "patrão" do respectivo sindicato, lá veio com a magnífica conversa da "independência" face a quaisquer maiorias ou minorias. E aproveitou - ele e outros - para deixar a mensagem habitual, numa altura em que Souto Moura está de saída: os procuradores nao querem ninguém fora da corporação a mandar neles. Nos primórdios da "revolução", o esquerdismo dominante também contagiou o Ministério Público. Foi criado o sindicato e a respectiva corporação conseguiu ser equiparada a magistratura, como a judicial. Cluny, por exemplo, navegou anos a fio nas águas do PC. Outros, na extrema-esquerda. Só o pobre do dr. Souto Moura é que foi "criticado" em silêncio lá dentro - imagine-se - por ir à missa. O MP, ao contrário dos juízes, não administra a justiça nem, tão-pouco, a política. É bom que se assente nisto, de uma vez por todas. Não existe, como o dr. Cluny pretende sugerir todos os dias, nenhuma cabala contra o MP. Se alguma coisa de menos agradável sucedeu pelo caminho, deve-se mais a comportamentos casuísticos do órgão competente para promover a acção penal do que propriamente à "política", essa eterna "porca". O próximo PGR deve ser escolhido fora do Ministério Público. O regime tem muitas "figuras" adequadas e o poder judicial também. O MP é, naturalmente, independente. Todavia, ser independente não significa ir além do que deve ser. O Estado "acusador-público" não é etéreo. Vive e defende o Estado democrátic0 de direito, aquele que, por mais que lhe custe, resulta do sufrágio eleitoral. Não foi para isso que se fez a "revolução", onde tantas das actuais figuras de proa do MP se "formaram"?

8 comentários:

Anónimo disse...

Boa Tarde Algarve ( e Alfarrobas):

1. Adorava ser mosca para ver como é que o seu compadre José da GLQL vai reagir a este post;
2. Vc tem razão num aspecto: "O próximo PGR deve ser escolhido fora do Ministério Público.";
3. Rendido às evidências, também V deixou cair Proença de Carvalho, que ainda que senador do reino, e por muito que lhe custe, não apresenta condições de imparcialidade e isenção requeridas, para meu gáudio;
4. Cluny, não o da Idade Média, terá algumas culpas no cartório, mas a culpa principal do estado das coisas, deve imputar-se ESSENCIALMENTE ao CEJ (na dupla Lamborinho/Leandro, ou Anabela and so on) e Ministros da Justiça sucessivos...(e à cultura imanente ao próprio MP);
5.Finalmente, o que é lamentável é o novo riquismo que ALGUNS "magistrados" do MP ostentam, próprio de um Mesquita Machado, só para ficarmos por aqui...


E. T:É urgente extinguir o CEJ, DIAP e DCIAP, tal como estão configurados.

Anónimo disse...

Extinguir CEJ, DIAP e DCIAP, tal como estão configurados, parece-me bem. Tive al longo de alguns anos oportunidade de ver recrutados e selecionados para o M.P. algumas senhoras e outros tantos cavalheiros a quem jamais entregaria qualquer tarefa que requeresse algum tipo de autonomia, tendo em consideração as baias que demonstravam ter colocadas e resultantes da própria incapacidade de em todas as ocasiões para a compreensão das quais fosse necessário ir pra além do evidente, serem incapazes de ler nas entrelinhas. Para o Ministério Público são atiradas as sobras, depois de satisfeitas as necessidades da Magistratura Judicial. Ora, sendo que ingressam no CEJ muitos candidatos a advogados, depois de verem nessa profissão uma saída profissional dificil, muito concorrida, temos um Ministério Público composto por todos aqueles que não foram suficientemente bons para serem advogados nem suficientemente bons para serem juízes. Quem tem a seu cargo a acusação pública, não pode ser alguém que o faz por não ter tido outra saída profissional, mas sim alguém que o faz por convicção, que assume um papel activo e principal na feitura de justiça.
o dr. Souto Moura é uma pérola. Sendo titular do órgão máximo do Ministério Público, garante da legalidade, quando defendeu o tratamento diferenciado do sr. Carlos Cruz no caso Casa Pia, por não ser qualquer um, revelou bem porque razão foi nomeado para o cargo. Quem teve a oportunidade de ler alguns dos seus textos de início de carreira, jamais diria que viria a descambar no que é hoje publicamente a sua forma de estar. A comemoração dos 30 anos da Constitição foi um evento que visou celebrar a fonte do seu poder, e não o instrumento em si, enquanto princípio e fim da actuação do MP.
Estado de direito democrático é uma ficção, um belo conto de fadas no que se refere à história das instituições políticas e sociais resultantes da "revolução". Quem quer que seja a figura de proa escolhida para PGR, dentro ou fora do MP, não passará de um testa de ferro, um espantalho.
Why bother?
kk

Anónimo disse...

O Proença tá-se cagando para a PGR e para o "comentador não irritado".
E também, claro, para o autor do post.

Anónimo disse...

Anónimo das 7:11 PM:

Já percebi que V. tem o Proença como um demiurgo.
Aproveite e faça lá estágio!

Anónimo disse...

Tal come se previa, vale a pena visitar a GLQL e ler o post "A AUTONOMIA DO FUTURO PGR".

Sendo o JG o Daniel Campelo da Loja, pagava bilhete aos preços de NYC, para assistir a 2 pedreiros-livres numa boa peixeirada.

Tá a ver Nanda, como as peixeiradas não são só típicas do genéro feminino?

Anónimo disse...

O “autor deste Blogue” às “vezes” está de «parabéns» porque no meio de “comentários” – que valha-me Deus – teem surgido comentários muito interessantes, como por exemplo o comentário do “anónimo” das 2:08PM

Diz a certa alturae, muito bem observado
« Quem teve a oportunidade de ler alguns dos seus textos de início de carreira, jamais diria que viria a descambar no que é hoje publicamente a sua forma de estar»

Pois, mas o “descambar” foi devido às “forças políticas” ou então “demitiasse”, que me parece que não era o pretendido, como se pode constatar.

E, termina “GENIALMENTE” ...
« Estado de direito democrático é uma ficção, um belo conto de fadas no que se refere à história das instituições políticas e sociais resultantes da "revolução". Quem quer que seja a figura de proa escolhida para PGR, dentro ou fora do MP, não passará de um testa de ferro, um espantalho.»

Because ...
kk

Anónimo disse...

Caro Anónimo das 09.26,

Gostei. Sinceramente. Obrigado!

Anónimo disse...

KK: vc é narcisista. Bata antes em grilos...