10.8.05

VÃO VER

Ler, no Bloguítica, "O Cobertor é Curto", a partir de uma "notícia" do Jornal de Notícias. À excepção do excitadissimo e coerente Medeiros Ferreira, a partir desse porta-voz de enorme impacto nacional que é Vitor Ramalho, a putativa candidatura presidencial de M. Soares segue aparentemente o ditame de Séneca: "sempre idem velle atque idem nolle", ou seja, "sempre querer e não querer o mesmo". Já se sabe que Soares precisa de "cercar" o "centro político" para ter sucesso. Para isso, tem que recorrer à famosa gaveta onde enfiou o (seu) "socialismo" há uns bons pares de anos, e de onde provisoriamente o tirou para, uma vez candidato presidencial nos anos 80 e 90, se proclamar retoricamente "socialista, laico e republicano". No entanto, a gaveta cresceu para um armário no qual, nos últimos anos, Soares foi arrumando as suas "novas" "convicções" e os seus "novos" amigos, exibidos com a adequada radicalidade, desde Porto Alegre à Avenida da Liberdade. São esses "cadáveres esquisitos" - que hoje rejubilam com a sua recandidatura - quem mais incomoda um Soares já interessado em "pescar" noutras águas. As "declarações" de Ramalho provam-no e a emergência do advogado de negócios - particularmente "angolanos" -, Vasco Vieira de Almeida, como "responsável" pela campanha, são os primeiros sinais de "descolagem" puramente táctica dos drs. Louçã, Rosas, Jerónimo de Sousa, Domingos Abrantes ou Boaventura Sousa Santos. Quem o conhece, sabe que, quando e onde for preciso, Soares dirá exactamente o contrário do que jurou antes, e vice-versa. As minudências "ideológicas" nunca lhe tiraram um segundo de sesta. E os seus amigos do armário engolirão em seco em nome da sagrada "unidade" contra a "direita". Ele quer apenas ganhar e eles querem apenas que o "outro" não ganhe. Neste tropismo político nada sadio e intelectualmente pouco sério, vai valer tudo. Vão ver.

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