20.7.03

MARGARIDA E CATALINA

1. A revista Única do Expresso, dava ontem capa e entrevista a Margarida Martins, a conhecida "patroa" da Associação Abraço. Fica-se a conhecer os percursos da vida de Margarida, os que ela entende que devemos conhecer. Das origens humildes e "operárias" no meio de um bairro meio chique de Lisboa, até ao Bairro Alto das galerias e do Frágil - que abriu em 1982 e não em 1981, como se diz no texto - , aos incidentes afectivos, à criação da Abraço e a filha adoptiva, aquela história tem graça. E a criatura Margarida também tem graça, mesmo quando irrita e maça, noutros tempos por causa da porta do Frágil, ou agora por causa da Abraço. E depois, tudo vem sempre acompanhado daquela gargalhada saudável e bem sonora que é a sua imagem de marca. Certamente que terá imensos defeitos, mas aprecio aquela persistência nas causas em que acredita, e nos lances de solidariedade que sabe gerar, mesmo que a Abraço não seja "um mundo perfeito".

2. Eu, se mandasse, colocava a Margarida no lugar de Catalina Pestana. O que em Margarida é alegria, partilha, vida e futuro, em Catalina é treva, ressentimento e clausura. Percurso estranho, ou talvez não, este de Catalina. Ex-MES, católica "progressista" (uma mistura explosiva), muito devota ao "social" e agora, pelos vistos, ao "pensamento único", Catalina conhece tão bem ou melhor do que muita gente, o funcionamento da Casa Pia e sabe que o verdadeiro "escândalo" é o Estado, personificado na instituição e nos seus servidores, ter prolongadamente consentido na exploração miserável dos seres que lhe estavam confiados, fosse para que pretexto fosse. Agora é fácil vir cá fora dizer que o "rei andava nu" e que, até prova em contrário, todos os que estâo fora do muro da Casa Pia, são suspeitos. Para quem conhece a casa desde sempre, fica-lhe mal esse permanente tom inquisitorial, de cátedra e beato com que aparece em público. Parece que também já "manda" no processo judicial e que as testemunhas são suas. Resta-nos o consolo de sabermos que não é Pina Manique quem quer. Margarida a Provedora, já!

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