12.7.03

UM IRONISTA

À laia de posfácio, Vladimir Nabokov, escreveu, no final de Lolita, um texto que se pode encontrar em algumas edições da obra e que em português vale por Acerca de um livro intitulado Lolita. É aí que leio o que reproduzo e a que muitas vezes volto.

Quanto a mim, uma obra de ficção só existe se me consegue proporcionar aquilo a que chamo sem rodeios o gozo estético, isto é, uma sensação de estar, de certo modo e algures, ligado a outros estados de ser em que a arte (curiosidade, ternura, generosidade, êxtase) é a norma. Não há muitos livros desses. Tudo o mais é um acervo de lugares-comuns ou aquilo a que alguns chamam "literatura de ideias", a qual não passa muitas vezes de um acervo de lugares-comuns em enormes blocos de gesso, cuidadosamente transmitidos de século para século, até que aparece alguém com um martelo e dá uma boa martelada a Balzac, a Gorki ou a Mann.

Sem comentários: