As televisões - sobretudo as ditas "noticiosas" - decidiram brindar os espectadores com verdadeiras torrentes de comentadores. Ainda as cadeiras não esfriaram e já lá estão sentados os comentadores que se seguem e assim sucessivamente. Se há bola (e há bola todos os dias), "intervalam" com os da bola para de imediato entrar nova dose. Com a "crise", a avalanche comentadeira adensou-se. Esta frivolização da opinião que se publica e que fala, ainda nem sequer começaram oficialmente as hostilidades eleitorais, é má. Má para quem a pratica e péssima para quem vê e ouve. Daqui a uns dias, ninguém os pode ver e ouvir. Se repararmos com atenção, os escolhidos são invariavelmente daquilo a que agora deram em apelidar de "arco da governação", mesmo com poucas excepções provenientes da "zona libertada" desse "arco" (no caso do PS, Carrilho e Medeiros Ferreira; do PSD, Morais Sarmento). O PC, salvo através de Octávio Teixeira com muitas intermitências, é notoriamente excluído em prol de uma qualquer luminária menor e fashion do Bloco. O CDS aparece de quando em quando pela voz do "independente" Bagão Félix (Lobo Xavier já faz parte do registo "língua de pau" por diversos motivos e apesar das suas qualidades). E o PS socrático está quase sempre bem representado quer pelo edil Costa, quer por Assis, quer por umas criaturinhas deputadas do sexo feminino e por alguns adversários partidários que acabam a "jogar" o jogo socrático, por acção e por omissão. Para recorrer ao termo do filósofo Gil, estão todos devidamente "inscritos" num jargão nada adversariante e irritantemente regimental. O referido "arco da governação" é, assim, o "arco da televisão" e vice-versa. Por exemplo, a tvi24 promove hoje um "debate" estilo Fatinha Campos Ferreira com "painéis" onde entram todos os seus comentadores oficiais e oficiosos. Parece que toda a gente aspira a imitar a estafada "quadratura do círculo" quando forem grandes. É ruído a mais, e que me desculpem os participantes que são meus amigos e que prezo. Para usar uma expressão do livro da foto (a que recorrerei muitas vezes nos próximos tempos), eles sentem-se bem «com o mundo vulgar do compromisso humano» e apreciam atirar-se «para a corrente das coisas». Bom proveito.
6 comentários:
Não estamos na época do PROLIXO? Fastidioso, enfadonho, aborrecido, blá-blá-blá,....vem mesmo a propósito
O Jim Morrison pelo meios de trips de ácido ou wallowing em profunda depressão, escrevia coisas bem: "Whoever controls the media, controls the mind."
As televisões têm lá muitos meninos incapazes. E para compensarem a incapacidade interna, chamam à conversa quem não os possa deixar ficar mal.
Para que conste, este Scruton é um homofóbico militante
E? O que é que o dito tem a ver com as calças? Que cretinice.
Quando traduzem England: An Elegy?
Enviar um comentário