12.3.11

O NOSSO FABRIZIO DEL DONGO


Gosto muito do Pacheco Pereira. Sempre considerei o seu testemunho estimulante. Por isso custa-me vê-lo neste registo banalão, de pseudo-salvação nacional que encontramos nos sensaborões políticos de todos os partidos, os "zés-sempre-em-pé" que circulam do poder para a economia do poder (fundações, bancos, empresas públicas, etc., etc.) e da economia do poder para o poder por causa das intermitências eleitorais. As elites que Pacheco defende - mais velhas ou mais novas como o repelente Costa com quem partilha tribuna televisiva - através deste registo anódino («É que a questão central dos nossos dias portugueses, de infelicidade, perda e mágoa, não é a reivindicação nem a "luta", mas a possibilidade de haver acordos consistentes, duradouros, para além do cálculo partidário imediato, centrados nos problemas económico-financeiros cruciais que enfrentamos. E não há razões de fundo para que PS, PSD e CDS não os possam fazer, nem diferenças ideológicas tão vastas que os impeçam. É que, meus amigos, é como se estivéssemos em guerra.», in Público), estão exauridas. Só andam por aí porque, trivialmente, ainda não morreram apesar de a maioria consistir em mortos-vivos que aguardam a entrada em funções. Pacheco, ao "anunciar" a guerra, lembra o protagonista de A Cartuxa de Parma, Frabrizio del Dongo, logo no princípio do romance, perdido e dividido no meio do combate de Waterloo. Oxalá se encontre.

Adenda: «Voltou-se ao PREC.» Não seja patético, Zé.

5 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

Por sinal, quando Frabrizio chega a Waterloo já a batalha acabou...

Carlos Dias Nunes disse...

Enrodilhado nas suas contradições e complacências, Pacheco Pereira perdeu a cabeça. Creio que lhe vai ser difícil recuperá-la.
Por estes dias, tem feito mais mal ao seu partido (e ao País) do que em todos os longos anos que já leva de intervenção política.
Claro que abunda quem, dentro do PSD (ou fora dele, como é o meu caso), não entenda isto. Mas não falta muito para começar a entender...

Anónimo disse...

Por falar em PREC...não era suposto o Otelo, o Vasco Lourenço, o Pezarat Correia e o resto dos capitães de Abril e a sua Associação 25 de Abril terem-se associado a um movimento desta natureza? Não era suposto os capitães estarem ao lado do povo num momento como este, principalmente o capitão mor Otelo Saraiva de Carvalho?
Começa a ser ensurdecedor o silencio dos capitães de Abril e da sua associação relativamente ao "estado a que isto chegou", parafraseando a suposto heroi do 25 de Abril, Salgueiro Maia.
Porque motivo andam tão calados os capitães de 1974?

Anónimo disse...

O jPP esta autofagico.

Anónimo disse...

Os Capitães de Abril grandes apoiantes da corrupção natural do Estado Social?

lucklucky