6.3.11

O BICHO NÃO REAGE


«Suceda o que suceder, Portugal é com certeza o lugar mais desinteressante e desinteressado do universo. Vejam, por exemplo, o que diplomacia americana tem a dizer confidencialmente sobre o que se passa aqui. Não se passa nada, nem a com a maior boa vontade da WikiLeaks. Aparentemente, há por aí um (1) agente da Al-Qaeda, ninguém sabe a fazer o quê. Isto é o mais dramático. De resto, a admirável embaixada da América fica pela bisbilhotice política de terceira ordem. Manuel Alegre (o "Alegrossauros") foi à caça em vez de ir ao congresso do PS. Os portugueses acham que Sócrates quer "controlar tudo" e que "não partilha o poder". Também o acham, calculem, "agressivo, autoritário e arrogante". Manuela Ferreira Leite acabou por ser um "desapontamento". E por aí fora, sempre assim... Os portugueses, que directa ou indirectamente provocaram esta aflitiva banalidade, não são melhores quando tratam de si e da sua vida. Basta ver o que pensam (admitindo que pensam) da política e do futuro. Na última sondagem, 36,9 por cento dizem que vão votar no PSD, 30,6 por cento no PS, 9,9 por cento no CDS, 8,6 por cento na CDU e 7,7 por cento no Bloco. Pior ainda, só um ponto (positivo) separa Passos Coelho (6,4) do indomável Sócrates (5,4), que anda por esse mundo à esmola. O país, de resto, gosta de estar como está, a crise não o incomoda e até não se importava que ela continuasse: 66 por cento dos portugueses preferem que o PSD evite uma eleição antecipada. Por outras palavras, mesmo espicaçado, o bicho não reage. Nem sequer acorda.»

Vasco Pulido Valente, Público

Adenda (de um leitor): «Por falar em não reagir, ontem à noite a Clara Ferreira Alves dizia mais uma vez num tom sério e preocupado que Paulo Portas contribuiu muito para o endividamento de Portugal por causa dos submarinos e ninguém se fez bicho para lhe explicar na hora, como merecia, que o custo de um submarino é o valor pelo qual Portugal se endivida a cada três ou quatro dias que passam. E ninguém se riu. Pela amostra da CFA já se pode perceber mais ou menos o que esperar do resto da bicharada. Quanto mais primitivo for o bicho, menos elaborada é a sua capacidade de reacção. No limite, apenas reage a impulsos muito ofensivos das mais básicas necessidades de sobrevivência. O português típico é o como o bicho sapo: coloca-se um cigarro na boca e ele fuma até rebentar»

7 comentários:

Anónimo disse...

Apesar do Expresso se esforçar até às hemorróidas para tornar escândalo este churrilho de banalidades (que contratou por uma época com os nórdicos do Assange-FC) não consegue; vemos também que se confirma que os EUA não viram em nós razão suficiente para investir em grandes operações de 'inteligência-que-veio-do-frio', com espiões trocando perigosamente papéis em paragens da Carris: não, os tipos da embaixada espiaram-nos lendo o CM, o DN e a TV-Guia e assistindo aos telejornais de Moura Guedes - concluindo amodorradamente o óbvio. O (único) terrorista, inventaram-no para manter o interesse de Departamento de Estado e proteger o lugarzito confortável.
Mas o irrequieto Ricardo Costa, assim como o extra-lúcido Sousa Tavares - acham que sim, que sim, que o embaixador foi brilhante e destapou os mistérios-argutos da política lusa, escondidos sabiamente de todos. Pobreza.

Ass.: Besta Imunda

floribundus disse...

o rtectângulo há muito que morreu de inanição.
os patetas pretendem continuar a endividar-se para viver bem sem trabalhar

António Bettencourt disse...

Os conservadores, para se conservarem a si mesmos, terão de ceder: e de concessão em concessão, como um sapo aos saltinhos sucessivos, irão cair na guela escarlate da serpente socialista.

Eça de Queirós, Ecos de Paris, Lello & Irmão, p. 28

Nota: substituir “os conservadores” por “ a direita”.

Anónimo disse...

O vosso problema é dependerem do povo para efectivarem a contestação, o protesto e a indignação. Porque vocês "elites" ou pseudo-elites preferem estar no vosso cantinho, de charuto no canto da boca a rirem-se do "zé pagode" quando este contesta e vai para a rua manifestar-se.
Gostam também de ouvir os pavões das televisões denominados "opinadores" que mais não defendem este parasitismo de mercado de capitais em que os senhores se empanturram e não o querem perder a todo custo. Mas para vosso consolo (ou não) no festival da canção, surgiu mais um protesto que se calhar não era esse que pretendiam, um verdadeiro manifesto popular para a azia de muitos (como deve ter acontecido no vosso caso).

Anónimo disse...

"Gostam ... parasitismo de mercado de capitais .. para a azia de muitos (como deve ter acontecido no vosso caso)."

Vamos ver a azia que vais ter quando "o parasitismo do mercado de capitais" te deixar de emprestar dinheiro.
Aí talvez percebas que o teu "problema" é nem sequer saberes o País onde estás porque não sabes nem queres fazer contas.

lucklucky

Anónimo disse...

A Adenda é muito bem escrita e verdadeira. Ninguém se riu porque quem lá estava para se poder rir eram: o apresentador (impossível!...), Marques-Lopes (um estulto com sérias dificuldades de expressão-raciocínio), Luís Pedro (bom tipo, mas gasta-se muito...) e Oliveira - um lunático e selvagem partidário da revolução constante e do estéril controlo-operário.
O programa dos submarinos (uma questão de Defesa Nacional) tem sido desde 1998 discutido por porteiras, usado por corruptos e emporcalhado por deputados e comentadores-tavares; obviamente que é extremamente desagradável falar nos custos do BPN, do profundíssimo buraco da CP e outras, dos tachos nos institutos e autarquias e das parcerias mafiosas que o PS tem feito com os coelhones do betão - encalacrando o País por décadas. A dona-clara (beneficiária conhecida dos favores do regime) é ignorante, parcial e desonesta - sendo muito mais vocacionada para escrever e falar sobre as suas carteiras Prada e estadias em Park Lane.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Está visto que o lucklucky foi um dos que teve azia e muita. Em relação à azia que eu possa a vir a ter é nenhuma, porque não faço intenção absolutamente nenhuma de pedir dinheiro emprestado aos bancos, se calhar já não deve ser esse o teu caso ou estás á rasca ou queres mais dinheiro para ires para a jogatana nos tais "mercados de capitais" (e sim, isto é parasitismo).
Conheço perfeitamente o País onde vivo. Portugal já o é, há muito tempo, o País do "chico espertismo", do videirismo, da pulhice e da canalhice, quem tiver estes "atributos" tem um futuro de sucesso. Eu luto contra este situacionismo, e tu?...