«Há muito que conversar, e, ainda que não houvesse, a gente fica a olhar um para o outro, verificando como o tempo e Portugal nos devoram. Aliás, verás que mal me reconhecerás à primeira vista - de tal modo, misteriosamente, e também porque praticamente não como, estou a regressar às elegâncias da juventude (sem ela), e magro como um cão patriótico. Além de, na verdade, completamente desiludido de tudo, ou do interesse ou importância seja do que for que eu faça. Toda a gente ganhou todas as batalhas contra mim - e que lhes preste, o que eu quero é sossego, e, como disse num poema, tão chocante pela má-criação para as almas delicadas daquela bosta ibérica, acabar tomando em paz o meu café, em Creta, com o Minotauro, sob o olhar de deuses sem vergonha.»
Carta de 13.3.76
4 comentários:
Ser inclemente é uma urgência exorbitante e esfíngica: não perdoa nem é perdoada pelas «almas delicadas» de esta «bosta ibérica».
Ler Fernando Madrinha, Expresso, rápido.
Já somos pelo menos dois a pensar assim. Em breve seremos milhares e depois milhões e estes bandalhos estão fornicados.
Com uma pequena diferença: Eu quero, para além daquilo que Madrinha propõe(mesmo que nada de novo) uma revolução cultural construída sobre os legados de Agostinho da Silva e Vieira.
Rita
Não é possível qualquer revolução cultural num povo que vive pendente da Selecção e do RSI.
Carlos F
«raramente confiamos naqueles que são melhores o que nós», de Albert Camus, no topo da 1ª página do DN de hoje.
E como é possível confiar/acreditar, naqueles que são piores do que nós?
Alguma dúvida, de que o Sítio tem estado nas mãos dos piores?
Salta à vista o resultado.
JB
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