3.1.09

JOGOS DE GUERRA


Há dias escrevi aqui que o Hamas e os israelitas são umas bestas. Persistem bestificados. Meio milhar de mortos palestinianos não significa, de certeza, meio milhar de Hamas abatidos. Israel defende aquela extraordinária tese da ameaça permanente que justifica praticamente tudo. E não há maneira de perder o seu complexo "artificialista". Só que Israel e o Hamas não se limitam a lançar lama para a ventoinha. Para isso ainda temos quinze dias de Bush. Os jogos de guerra entre criatura (Hamas) e criador (Israel) fazem-se com mísseis que não distinguem criancinhas de terroristas puros. Israel está em pleno processo eleitoral interno e Obama vem aí, duas coisas que contam bastante nesta "ofensiva defensiva". Sei que o "Ocidente" aprecia e defende um lado. Aqui não. Não gosto de fundamentalistas. Judeus, árabes ou outra coisa qualquer. Um raio que os parta.

De o comentário de um leitor que não segue o cânone nem foi "apanhado" pela imprensa e que sabe alguma história: «Foram organizadas eleições livres nos territórios palestinianos, reconhecidamente livres pela dita comunidade internacional. Para espanto dela, o HAMAS ganhou as eleições e logo foi considerado uma organização terrorista com quem não se podia dialogar. Com quem pode Israel dialogar afinal? (...) Deve também dizer-se que quem violou a trégua entre Israel e o HAMAS foi Israel pois não cumpriu a sua parte do acordo que era levantar o bloqueio a Gaza. E durante a trégua Israel assassinou 49 palestinianos na Faixa de Gaza sem um único rocket do HAMAS.(...)É preciso, honestamente, olhar para trás e verificar o que se passou desde 1948. Infelizmente a memória das pessoas é fraca e talvez já não se recorde de todos os atentados terroristas cometidos pelos judeus (o povo eleito) contra os ingleses durante o mandato britânico na Palestina. Só a explosão do Hotel King David, em Jerusalém provocou cerca de 100 mortos! E quem fez o Hotel ir pelos ares não foram os palestinianos, mas os judeus, para apressar a criação do Estado de Israel.»

16 comentários:

Anónimo disse...

A imprensa já o apanhou também a si?
Os 80 rockets diários que caíam em Israel, durante a trégua, distinguiam criancinhas israelitas de soldados israelitas?

Anónimo disse...

são iguais apenas na obstinação
os israelitas têm um país.
a arabada vive na pocilga.
o islão é submissão aos homens e longinquamente a deus. a rabada não trabalha: passa o tempo aos tiros, às pedradas, nas manifestações,a fazer e deitar bombas, nos enterros. modoesquisito de matar ... o tempo.

radical livre

Anónimo disse...

Nunca lhe ocorreu que o Hamas pode utilizar civis como escudos humanos ao utilizar mesquitas, escolas e hospitais como depósitos de material militar?

Anónimo disse...

Talvez o HAMAS não devesse lançar rockets sobre Israel. E talvez Israel não devesse confinar os habitantes de Gaza, desde há SESSENTA ANOS, num verdadeiro gueto, ou ghetto, como se preferir. É que há sempre uma altura para dizer BASTA e 60 anos já é muito tempo, são três gerações.

Os habitantes da Faixa de Gaza vivem, a maior parte, em campos de refugiados desde a criação do Estado Judaico. E a construção de colonatos prossegue, na Cisjordânia, desde a Guerra de 1967.

Então para que serviram todos os "processos de paz" até hoje elaborados? Porque colocou Israel até hoje condições impossíveis de aceitação por parte dos palestinianos?

Diziam que o governo de Yasser Arafat não era democrático e por isso não era um interlocutor válido. Ora Arafat morreu (não se sabe até hoje muito bem de quê) mas morreu. E foram organizadas eleições livres nos territórios palestinianos, reconhecidamente livres pela dita comunidade internacional. Para espanto dela, o HAMAS ganhou as eleições e logo foi considerado uma organização terrorista com quem não se podia dialogar. Com quem pode Israel dialogar afinal?

Deve também dizer-se que quem violou a trégua entre Israel e o HAMAS foi Israel pois não cumpriu a sua parte do acordo que era levantar o bloqueio a Gaza. E durante a trégua Israel assassinou 49 palestinianos na Faixa de Gaza sem um único rocket do HAMAS!!!

Agora, aproveitando o vazio de poder nos EUA, o governo de Israel ataca em força a pensar nas próximas eleições legislativas.

Claro que a propaganda sionista aproveita todos os meios ao seu dispor, e que são muitos, para se fazer vítima de uma agressão. Mas é preciso, honestamente, olhar para trás e verificar o que se passou desde 1948. Infelizmente a memória das pessoas é fraca e talvez já não se recorde de todos os atentados terroristas cometidos pelos judeus (o povo eleito) contra os ingleses durante o mandato britânico na Palestina. Só a explosão do Hotel King David, em Jerusalém provocou cerca de 100 mortos! E quem fez o Hotel ir pelos ares não foram os palestinianos, mas os judeus, para apressar a criação do Estado de Israel.

Havia muito a dizer, mas como não há aqui 1.000 páginas para comentário, recomenda-se a leitura da História.

Unknown disse...

É das raríssimas vezes em que discordo frontalmente do que escreve.
Israel trava uma luta de vida ou de morte( e aqui não cabem exageros).
E ali luta também por quem,ou por aquilo, que não o merece: um "ocidente" acomodado, cobarde e hipócrita, que "dorme com o inimigo" - de certa forma o retrato,em corpo inteiro, da França em 39...só que a cobardia, hoje,assume dimensões continentais.

Anónimo disse...

Depois de Israel ter retirado até ao último pintelho, ter respeitado uma trégua e conversado com a autoridade palestiniana, ter assistido à expulsão violenta da Fattah, ter levado com centenas de rockets durante o período de tréguas (disparados no meio de criancinhas "civis"), é preciso ter muita lata para vir falar em fundamentalismo. Raios partam a cegueira!

Anónimo disse...

p/ Ju Deus 10.13PM

Ó homem, você tem de vêr os particularismos da coisa. Ainda ontem ouvi uma sumidade na rádio, garantir que aquilo do Hamas, eram mísseis sim senhor, mas artesanais. Caseiros por assim dizer. Ora toda a gente sabe que apanhar com um míssil caseiro nos cornos, não é bem a mesma coisa que levar com um industrial. Pois claro que os dois explodem e matam. Mas permanece esta distinção primordial - uns são caseiros os outros militar-industriais. Donde a conclusão só pode ser uma: a resposta de Israel é desproporcional. Entendeu, mano ?

FNV disse...

Quando toca a Israel o João Gonçalves fica muito ponderado e salomónico.
É o milagre de David.

João Gonçalves disse...

Realmente não sou nada do género de "quipá na tola" e do "desculpem qualquer coisinha". Já chega.

VANGUARDISTA disse...

O povo de Israel não aprende com a História, repetem , sucessivamente, os mesmos comportamentos que levam à raiva e ao ódio dos povos que escravisam e subjugam na mais aviltante arbitrariedade.

Anónimo disse...

Caro João,aconselho-o a ver o vídio acabado de postar no Blasfémias sobre o Hamas. Inqualificável!

Carlos Sério disse...

Caro anónimo das 11:42. Tomei a liberdade de colocar o seu comentário no classepolitica. Nunca é demais divulgar a verdade histórica.
cumprimentos,
ruy

Anónimo disse...

Até era capaz de me rir, não fosse o cieiro, com esse argumento de que a Faixa de Gaza foi ocupada por Israel.

Talvez a Argentina devesse mandar uns mísseis (artesanais, claro) sobre Inglaterra por causa das Malvinas, a Espanha sobre Inglaterra por causa de Gilbraltar, e Portugal sobre a Espanha, por causa de Olivença...

Anónimo disse...

Concordo plenamente consigo. E penso que as pessoas que defendem cegamente Israel nesta questão a esquecer-se de uma coisa.
As "criaturas" do Hamas são terroristas e estão se nas tintas se matam ou ferem pessoas inocentes. Vamos apenas dizer que eles são maus e pronto. São fanaticos, extremistas e todas essas porcarias.

Mas Israel não devia, não podia aliás, seguir a política do "olho por olho". Se eles só matassem os tipos do Hamas ninguém se importava. Ninguém quereria saber. É um bocado como Guantanamo. Mas na realidade ninguém quer saber porque eles são realmente terroristas (alguns deles pelo menos. Metade é de certeza. Um ou dois serão).
O problema é que usando o seu enorme poder militar eles também matam muitas pessoas inocentes. Muitas mesmo. Percebem agora? E isso não pode ser justificado apenas pelo desejo de "self defense" de Israel. Têm que arranjar outra desculpa.

Anónimo disse...

O Hamas ganhou as eleições mas expulsou o outro partido que concorria com ele. Assumiu o poder militar e judicial: não é um interlocutor fiável nem nunca declarou aceitar o Estado de Israel. Houve entretanto vários atentados que fizeram vitimas em Israel antes dos factos relatados acima assim como o rapto de um soldado em tempo de tréguas e que ainda não foi entregue. Foi portanto o Hamas que iniciou as hostilidades então.
A eliminação de militantes do Hamas foram todos adequados pois preparavam atentados em Israel: no fundo adiaram esta ofensiva. qual a razão para abrir a faixa de Gaza para o lado de Israel e não para o lado contrário onde culturalmente há mais afinidades?

Luísa A. disse...

Não sei quem tem mais razão, nem quem tem menos. Admito um jogo de provocações mútuas que tudo confunda. Também acho que povos mais ricos e «evoluídos» têm mais responsabilidades na defesa dos princípios civilizacionais em que actualmente se acredita (no Ocidente) e têm obrigação de usar, em sua defesa, meios «proporcionais». Mas, por mais que me provem isto ou aquilo, por mais que me invoquem os erros, as violações, os excessos, os tenebrosos passados, as minhas simpatias não podem deixar de se dirigir para aqueles com que encontro hoje afinidades culturais e junto dos quais me sentiria mais segura e apoiada. A minha preferência «afectiva» é por Israel e por isso, discordo ligeiríssimamente deste seu «post», João, apenas porque, apesar de «bestificar» ambas as partes, me parece que só se ocupa em justificar a «bestificação» de uma.