19.1.09

O NEOPAGÃO, A FÉ E A RAZÃO


«Qual é hoje o alinhamento dos inimigos da Igreja? Seria preciso o génio do franco-britânico [Hilaire Belloc (1870-1953) o pequeno volume de 1929 Survivals and New Arrivals. The Old and New Enemies of the Catholic Church (reedição Tan Books, 1992; www.ewtn.com/library/ANSWERS/SURVIV.HTM)] para responder à questão, mas algo pode ser dito. A sua estrutura permanece válida. Não há dúvida de que a oposição principal dos anos 20 está reconduzida à condição de sobrevivente, enquanto o ataque avassalador vem agora do neopaganismo triunfante. A sua influência manifesta-se precisamente no aspecto que o autor antevira: o combate contra a família e a vida humana. Belloc não tinha dúvidas em 1929 de que o neopagão "toma o homem como um animal. Para já faz do casamento um simples contrato civil dissolúvel pelo consentimento de ambas as partes. Em breve terá de o fazer dissolúvel pela vontade de apenas uma. (...) Podemos dizer que a facilidade e frequência do divórcio são o teste da medida em que uma sociedade antes cristã avançou para o paganismo" (p. 137). É impressionante o rigor fotográfico com que a nossa sociedade foi retratada à distância. Talvez o leitor queria tentar a sorte na identificação dos recém-chegados. Belloc, pelo seu lado, identificou na linha que traçara um hiato, uma oportunidade inesperada: o embate da fé católica com o neopaganismo pode ter o mesmo desfecho que na Antiguidade teve o choque com a versão original. "Não posso acreditar que a razão humana irá permanentemente perder o seu poder. Ora a fé é baseada na razão, e em todo o lado fora da fé o declínio da razão é patente" (p. 167)

João César das Neves, via Povo

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Embora não me fie muito em certos excessos de "ratismo de sacristia" do sr. JCN, lembro apenas que nos anos 20 e 30, o citado neo-paganismo estava na ordem do dia, mais precisamente na ascensão do comunismo e do nacional-socialismo. O que aconteceu em Espanha, foi a consequência normal, digo racional. O problema consiste hoje, à vertiginosa e imbecil cedência em nome do multiculturalismo, uma aberração liminarmente rejeitada extra-fronteiras pelos supostos beneficiários. É que neste caso, não existe reciprocidade, nem a mais ténue emulação desta. O que temos é um suicidário caminho de dissolução daquilo que somos, prescindindo da essência dos postulados que nos tornaram europeus. Tudo o mais, são meras divagações condenadas a morte súbita (pela violência). Esperem e verão.

alexandre o médio disse...

hey jg !!

"A fé é baseada na razão? em todo o lado fora da fé o declínio da razão é aparente?"

Como é que a fé é baseada na razão, se por definição, a fé é crença irracional?

Fora da fé o declinio da razão é aparente? Pode dar um exemplo? (O contrário é bem fácil de fazer, não?)

Sobre o homem ser um animal. Gostava que isso não fosse verdade, mas o facto é que o homem é um animal, que se desenvolveu da maneira que desenvolveu através do processo de evolução.

E qual é mesmo o problema do divórcio?

Abraço!