13.1.09

ÓPERA BALNEÁRIO



Há para aí uns cinco anos assisti, na Ópera de Zurique, à estreia de Benvenuto Cellini, de Hector Berlioz. A direcção musical era de John Eliot Gardiner e no palco estava, porventura numa das suas derradeiras aparições, um dos maiores baixos do século, Nicolai Ghiaurov. A noite passada, o mesmo palco do belíssimo edifício suiço albergou jogadores da bola. Um deles, português, saiu de lá com um troféu qualquer que deve ter causado mais uma comoção nacional a nível de Estado. Aos poucos, dão cabo de tudo. Vale tudo. Em todo o lado.

Clip: Nicolai Ghiaurov canta, de Rossini, "La calunnia", a área de Don Basilio de O Barbeiro de Sevilha. Ópera de Viena. 1979

5 comentários:

Anónimo disse...

Ora, ora, e na Grécia clássica? Os desportos eram individuais? Sim, mas esta celebração é individual e celebra-se o vencedor de muitos oponentes. E quanto aos palcos, os deus estavam próximos.

Anónimo disse...

a nova versão da adoração dos bezerros de ouro
inclui
a bota do ronaldo
o menino sócrates
a miséria a que temos direito

radical livre

Anónimo disse...

JG,
nunca estive na opera de Zurique, no entanto creio depois da noite de ontem, ela continuará igual a si propria e talvez em breve o JG, lá volte a assistir a um memoravel espetaculo da mesma.

Não conheço relatos de que a mesma, tenha ficado contaminado ou destruida total ou em parte pelo evento que lá se efectuou ontem.

Quanto ao evento, suponho que o JG não gosta de Futebol, no entanto terá de reconhecer que é um "espetaculo" moderno, universal e apaixonante!

Neste sentido, o premio atribuido ao Cristiano, nas sua palavras: " um troféu qualquer" - não é mais que o reconhecimento pelos seus pares do esforço empenho determinação e trabalho diario, honesto e esforçado, acrescido do talento natural para a coisa, que é caracteristica dos "raros" !!!

Independentemente de gostar ou não e de até preferir Opera, julgo que é inegavel o valor da distinção atribuida! Alem do mais, se atentar na historia do rapaz, na idade do mesmo, e da competitividade universal dos palco onde ele recita, convirá certamente que o mesmo é digno de distinção.

Ele escolheu o futebol, e distinguiu-se mundialmente, mais e melhor que qualquer cantor de Opera portugues, até mais e melhor que o proprio JG na sua area profissional.

Não entendo esse fundamentalismo tipicamente portugues do "bota-abaixo" !!! ...compreendo que não goste do "baffon" futebolistico, dos seus metodos, e de toda a "corte" que o rodeia, aceito até que nem admire o jogo...no entanto não percebo como alguém supostamente culto e com profundidade de espirito possa ficar tão abespinhado pelo sucesso do Ronaldo.

Aposto que se o Cristiano, não fosse sequer nomeado, e o vencedor de ontem fosse um argentinho ou ingles qualquer...não teriamos tido este posts altamente preocupado com a continuidade da Opera de Zurique...

NotaFinal: a obra escohido para o clip : "La calunnia" : poderia perfeitamente servir de titulo ao post!


,o)

Anónimo disse...

E um certo país, o da RTP, teve ontem direito a um orgasmo colectivo no programa Prós e Contras.
Que vi apenas de relance.
Devem ter cometido um erro imperdoável, caso no final,
não se tenha ali cantado:
o Hino Nacional.
JB

Anónimo disse...

Congratulo-me com este clip da ária da "Calunnia", a primeira que soube de cor e que tentei cantar embora não tenha voz para isso.

Quanto a Ghiaurov, esse baixo inesquecível, recordo uma estória. Estando em Sofia em 2004, tomei um táxi para ver na Ópera da cidade uma produção da "Aida". Perguntou-me o motorista se conhecia o seu compatriota Ghiaurov e quando lhe respondi que sim, que assistira a uma sua interpretação de Filipe II, no "Don Carlo", de Verdi, e que era um dos meus cantores preferidos, o homem exultou.

Quanto ao acontecimento de ontem, talvez pudesse ter tido lugar em outro templo, mas uma próxima récita exorcizará os fantasmas que porventura permaneçam.

Quanto a Ronaldo, eu que não sou amante da bola nem percebo nada de futebol, acho-lhe graça. E já não é pouco!