Na visita ao Brasil, Bento XVI afirmou que a Igreja não faz proselitismo. Não é ao Papa que compete seguir a "manada". Na multidão de fiéis espalhados pelo mundo há milhões de "infiéis" que vivem a alegria da sua fé em prejuízo do cânone. Entre divorciados, homossexuais, defensores do aborto e demais "pecadores" há muitos que nunca omitiram Cristo do seu coração. Na eucaristia, pede-se ao Filho do Homem que não olhe aos nossos pecados mas sim à fé da Sua igreja. Essa fé, nos nossos dias, manifesta-se no mais pequeno grão, para utilizar as palavras de Ratzinger. É, como lembrava Filipe Nunes Vicente, um combate rua a rua, porta à porta. A Igreja portuguesa não acompanhou este "movimento" porque esteve sempre demasiado presa à complacência do "político" que, na primeira oportunidade, a ignorou. Por isso Vasco Pulido Valente tem alguma razão. "Se a Igreja quer recuperar o que perdeu, esqueça finalmente o Estado e os ridículos privilégios de que ainda goza, e venha para a rua. Não há outra maneira de ganhar uma existência pública e política." Aquando da "crise dos cartoons", à janela de Castelgandolfo, Ratzinger resumiu o fundamental: "nós somos fortes."
Adenda: Fernanda Câncio é, desde o aborto, uma espécie de alta comissária para os assuntos da religião vistos a partir do correcto. Acumula, com outras colegas de profissão, a de prefeita para a canonização desse magnífico exemplar de laicidade culta, e hoje ministro, o dr. Pinto Ribeiro. Numa coisa, porém, ela tem razão. Por muito ter pactuado com o regime (nesse aspecto Salazar foi mais "laico" do que qualquer dos actuais "progressistas"), a Igreja portuguesa tem hoje em dia poucos argumentos para enfrentar a "política" e arautos da "modernidade" como a Fernanda. É como se a Igreja precisasse de caminhar todos os dias para o ginásio a fim de entrar no maravilhoso novo mundo dos "saudáveis" - com quem andou a confraternizar por fora - que, agora, a não querem ver em cima do tapete rolante. De resto, a Fernanda não percebeu o artigo da CCS ou, se percebeu, fingiu tratar-se de coisa diversa do que lá vem escrito. A Fernanda está ao lado dos cortesãos "democratas" que vêem na religião, especialmente na católica, uma ameaça para o domínio público. A CCS explicou, com meridiana lucidez, por que é que a religião católica- e a Igreja, a portuguesa, mesmo nas suas formulações menos felizes - é indispensável ao dito domínio público. Repito. A Igreja não faz proselitismo, mesmo que haja demasiados prosélitos a falar em nome da sua "hierarquia". Mais do que lançar retórica "política" para cima da estafada retórica jacobina, a Igreja (e os católicos) deve "ir à luta" precisamente em nome da fé que representa e da história que sustenta. São mais de dois mil anos dessa história, de fé e de razão, que nenhum diploma legal pode rasurar. Muito menos a simpática Fernanda Câncio, sempre tão fechada nas suas inabaláveis certezas como num "spa".
Adenda: Fernanda Câncio é, desde o aborto, uma espécie de alta comissária para os assuntos da religião vistos a partir do correcto. Acumula, com outras colegas de profissão, a de prefeita para a canonização desse magnífico exemplar de laicidade culta, e hoje ministro, o dr. Pinto Ribeiro. Numa coisa, porém, ela tem razão. Por muito ter pactuado com o regime (nesse aspecto Salazar foi mais "laico" do que qualquer dos actuais "progressistas"), a Igreja portuguesa tem hoje em dia poucos argumentos para enfrentar a "política" e arautos da "modernidade" como a Fernanda. É como se a Igreja precisasse de caminhar todos os dias para o ginásio a fim de entrar no maravilhoso novo mundo dos "saudáveis" - com quem andou a confraternizar por fora - que, agora, a não querem ver em cima do tapete rolante. De resto, a Fernanda não percebeu o artigo da CCS ou, se percebeu, fingiu tratar-se de coisa diversa do que lá vem escrito. A Fernanda está ao lado dos cortesãos "democratas" que vêem na religião, especialmente na católica, uma ameaça para o domínio público. A CCS explicou, com meridiana lucidez, por que é que a religião católica- e a Igreja, a portuguesa, mesmo nas suas formulações menos felizes - é indispensável ao dito domínio público. Repito. A Igreja não faz proselitismo, mesmo que haja demasiados prosélitos a falar em nome da sua "hierarquia". Mais do que lançar retórica "política" para cima da estafada retórica jacobina, a Igreja (e os católicos) deve "ir à luta" precisamente em nome da fé que representa e da história que sustenta. São mais de dois mil anos dessa história, de fé e de razão, que nenhum diploma legal pode rasurar. Muito menos a simpática Fernanda Câncio, sempre tão fechada nas suas inabaláveis certezas como num "spa".
9 comentários:
Há uma coisa que, sendo fácil de explicar, é difícil, para alguns, compreender. O desaparecimento do cristianismo da sociedade arrastará consigo o desaparecimento dos principais valores civilizacionais do Ocidente, em primeiro lugar a liberdade e, logo a seguir, o laicismo. Estes só foram possíveis porque o cristianismo se entranhou no corpo social, porque as temáticas evangélicas foram penetrando na sociedade e deram-lhe um horizonte de esperança e de liberdade, mesmo o Iluminismo só é possível graças ao cristianismo. Não pertenço à Igreja, mas preocupa-me a sua perda de influência, preocupa-me a erosão de muitos dos seus valores. Julgo que não há vazios religiosos. Se o cristianismo desaparecer do Ocidente, outra religião virá tomar o seu lugar. Facilmente se compreende o que acontecerá, nesse caso, aos nossos valores. Espero que Raztinger, alguém que deve ser lido e escutado com muita atenção, tenha razão, que os cristãos sejam fortes, também por cá.
Ora vê, ora vê....Exactamente.
Esta Igreja de Templo somente, que não grita nos telhados, que não rompe discursos beatos e convencionais, não tem Sal. Pura e simplesmente falha o Mandamento Final: IDE.
É por isso que, enquanto católico apaixonado pela Patrística, pela riqueza incomensurável de séculos de experiência humana, de fé viva, própria como deve ser, de crianças, compendiados nos poeirentos arquivos e no genoma testemunhal pessoa a pessoa dos crentes, tenho o papel de foder com esta pasmaceira portuguesa o mais que possa. E é por amor. E é rasgado por dentro. E é saudoso do Pai como um guardador de porcos num País longínquo. Tenho de ser tremendista não vá este povo burro e lento continuar adormecido.
João, o mesmo fazes tu e bem. E muito bem!
PALAVROSSAVRVS REX
Em certo sentido, 'isto' é a Rua e isto são os Telhados, bel plataforma de Anúncio e de Combate.
PALAVROSSAVRVS REX
Só por mera curiosidade, leiam este lindo comunicado...
Um inquietante retorno do religioso
http://www.godf.org/comm_p_detail.asp?num=134
Vivemos atualmente — na França como em todo o Ocidente — uma verdadeira revolução silenciosa caracterizada por um retorno inquietante do fenômeno religioso. Sob o assalto de correntes e doutrinas as mais reacionárias, eis que o Homem -- moderno, pós moderno — nos é apresentado plenamente desabrochado graças à redescoberta do fato religioso.
Assim, lentamente, assistimos o triunfo do sujeito religioso, apagando, pouco a pouco, o sujeito político, racional universal.
Essa mudança de rumo histórica se reveste dos maiores perigos. As Anti Luzes estão em vias de obter sua desforra.
Como não constatar que as diferentes igrejas e os diferentes cleros — todas as religiões misturadas — se arrogam novos direitos a cada dia que passa. Diante da fraca resistência das instituições democráticas e republicanas na Europa, eles exigem cada vez mais vantagens.
Aqui, trata-se de modernizar uma lei de 1905 tornada repentinamente arcaica; acolá ainda, por ver o Vaticano beatificar as vítimas religiosas da Guerra Civil espanhola, exatamente na hora em que essa grande democracia tenta corajosamente examinar seu doloroso passado; ou ainda mais recentemente, assistir o incrível retorno «das indulgências plenárias» prometidas pelo Papa Bento XVI, aos peregrinos de Lourdes, em 2008.
Todos esses numerosos sinais não poderiam nos enganar. Eles são duplamente inquietantes diante da fraca resistência das instituições republicanas como diante do eco favorável que o conjunto dos meios mediáticos lhes reserva.
Eis-nos em presença de uma verdadeira ofensiva intelectual e cultural.
O Grande Oriente da França quer manifestar a sua mais viva inquietude diante desse desequilíbrio persistente entre os pensamentos religiosos e os pensamentos agnósticos ou ateus em detrimento dos últimos.
Quem não vê que suas virtudes emancipadoras soam falso quando se trata de submeter os Homens a uma ordem ultrapassada e não de as libertar ?
O Grande Oriente de França apela à mais extrema vigilância face a esta ofensiva geral que trabalha contra a emancipação dos Homens, contra sua Liberdade.
Serviço de comunicação de Imprensa do G.O.D.F
Há coisas fantásticas, não há?
começa hoje o congresso das múmias maçónicas do pequeno desorientado do bairro alto, delegação senil do largo dos ratos
Ratsinger e os rat singers do largo dos ratos
Em teoria, as opiniões alheias deveriam ter um valor em si sobre o qual exprimiríamos a nossa; na prática, em maior ou menor grau, a identidade do autor da opinião tende a influenciar o que dela pensamos, numa espécie de reverência hierárquica por quem a profere.
A opinião de ontem de Vasco Pulido Valente, na sua crónica regular do Público, foi sintetizada (de uma forma feliz) da seguinte forma: “Nenhuma liberdade de nenhuma espécie foi tirada à Igreja: nem a liberdade de se exprimir, nem a de reunir, nem a de se manifestar”.
Pelos antecedentes, porque é que me ficará a desconfiança que, num hipotético “teste cego” e não conhecesse ele a assinatura, aquele mesmo texto teria sido “estraçalhado” pelo João Gonçalves, em vez do benigno “Por isso Vasco Pulido Valente tem alguma razão” que consta deste poste?
Vale a pena assistir a momentos destes. Por um lado, porque se fica a saber que no panteão do autor deste blogue, também há um lugar de destaque para Vasco Pulido Valente, muito próximo ao de Bento XVI… Por outro, é significativo sobre a consistência das opiniões próprias…
Caro João Gonçalves
És certamente muito mais culto do que um simples Tino como eu e sabes tão bem como eu que não existe nenhuma «religião católica», mas simplesmente uma "igreja católica", dentro da "religião cristã".
Desculpa e reparo. Mas estes pormenores causam-me pruridos.
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