Tudo está mais ou menos dominado por engraçadinhos, pelos "institucionais" e pelos tristes que lamentam não pertencer aos "institucionais" mas que os copiam. Um pouco como na cultura, em que impera - literalmente - a "produção fictícia" que até designa dirigentes para a administração pública da dita cultura. Fora um autor ou outro específico, desisti de ler jornais. Não tenho pachorra. Quanto mais páginas têm, mais charco parecem. O regime repete-se. A ele próprio e, sobretudo, aos seus papagaios. Ontem à noite, na galeria do Coliseu que frequento há trinta anos, escutei Wagner, Richard Strauss e Beethoven. Ocorreu-me, uma vez mais, que o talento destes seres superlativos "encaixa" mal nestes tempos superficiais. Quer queiram, quer não, existe mesmo uma superioridade qualquer, algures. O poema sinfónico de Strauss, a ópera de Wagner e algumas peças de Beethoven ilustram, sem necessidade de ridículas "produções fictícias", essa superioridade cultural e intelectual. Chamem-me, pois, reaccionário à vontade. Antes isso que macaco de imitação sentado num galho do regime. É urgente outra coisa.
7 comentários:
Meu caro só é "reaccionário" quando se lembra de classificar de (mau) "génio" o senhor feitor S, mais o regime (mau) que ele nos impôs.
Aliás, o que têem essas obras superiores, como muito bem disse, do génio humano a ver com o "chapelinho na mão" subserviente de que o feitor S tanto gostava?
Existe uma superioridade de facto. Nesse tempo e nessas sociedades.
A superioridade da Europa das Europas dos séculos XVII/XIX.
Falhei a menifestação de ontem no coliseu.
Entretanto e hoje pelas 20h20, na hora dos telejornais da noite, na RTP do Estado, a televisão pública paga pelos contribuintes, passava uma produção pouco fictícia: um qq jogo de futebol entre duas equipas estrangeiras, com um Chelsea + um outro clube para mim indeterminado.
Edificante.
A RTP a zelar pela cultura do pôvo.
A pedir a privatização.
JB
O que é curioso é que no seu tempo a música de Beethoven foi considerada revolucionária e perigosa mesmo ... Isto dito a música clássica representa séculos de evolução estética. É arte, não apenas entretenimento como alguma da música que ouvimos debitada em quantidades crescentes. É arte e desse ponto de vista - concordo - é superior à música como entretenimento. E aqui não são válidos sofismas que dizem tratar-se de uma questão de gosto. É mesmo a diferença entre a sublimação regrada, consciente da expressão do indizível e a simples produção em série de Taylor.
Caro João Gonçalves
"É urgente outra coisa."
Pois é! Mas que outra "coisa"?
Acabei de ler, pela segunda vez, "Se isto é um Homem" de Primo Levi; durante a leitura pensei muitas vezes nos textos que costuma publicar no seu Blog.
Sou-lhe sincero, quando vejo as outras "coisas" que somos capazes de fazer , acho que não vale a pena...
A cultura não é mais do que uma fina camada de verniz e o Homo acabará por dominar o Sapiens.
Cumprimentos
cul-turalmente portugal regrediu para os tempos da "bola é quinstrói" e o "fado é quinduca".
as tvs monstram fufas, paneleiros (invertidos)e fúteis
Essa, música, sublime, não é terrena. Como se explicaria, então, o facto de Mozart aos 6 anos ser já um virtuoso no piano e aos 9 escrever a sua primeira ópera, a sua insuperável riqueza melódica, se tantos atributos, que ele não teve tempo de aprender, não lhe fossem ditados de um nível superior do conhecimento. Aliás, ele próprio dizia que ouvia as composições que escrevia. O mundo dos macacos-nos-galhos-do-poder, e quejandos, corresponde a uma regressão. A resolução dos problemas nacionais e globais, dada a sua complexidade, bem precisava de outros maestros, naturalmente servidos por uma cultura humanística que, muitos deles, nem eles sonham que existe.
Ora tomem! Ainda há uns anos se falava do negro tempo do Fado-Futebol-Fátima
Fado? Mariza, Cátia Guerreiro do "Xôr" Venerando
Futebol? Abre o telejornal e manda no país
Fátima? Casa cheia, padres Borgas e melícias a confessar primeiros ministros em plena sede partidária.
Bem feito, habituem-se...
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