Com uns "headphones" onde aprecio o Ring de Karajan, leio este post e este de duas pessoas que não tenho por primitivas, antes pelo contrário. O Eduardo até faz o favor de ser meu amigo. Todavia, o mero sussurrar do nome do frei Bento eriça-me logo a carcaça. Se há alguém que tem o dever de ler e de situar os textos bíblicos no respectivo contexto histórico e teológico é ele. Ou ele - e a autora do livro - ignora o papel central da mulher no cânone católico, personificado, quer na figura da Mãe de Deus, quer em Maria Madalena ou nas famílias de Abraão e de Isaac, por exemplo? É evidente que os Evangelhos não constituem propriamente panfletos feministas a debater por mulheres mal resolvidas. Os Evangelhos dirigem-se a todos os seres humanos e não exibem distinções sexistas adequadas à "modernidade". Todo o homem ou mulher que quiser conformar-se com a Palavra do Senhor encontra ali um rumo seguro, corajoso e pacífico. O que não deve esperar é que seja a Palavra dos Evangelhos a "adaptar-se" ao curso das "modas" e ao "positivismo" democrático, manifestamente outra discussão. Quanto à "imagem" literária do cão e do osso - presumo que o crente seja o cão e o osso, a fé - usada para ilustrar a posição do autor do post, nem merece reparo dado o bom gosto revelado. Apenas lhe digo que ninguém "persiste" numa "crença" por critérios de "utilidade" ou de "inutilidade". Nos dias de hoje é mais incómodo ser católico do que qualquer outra coisa. A sua "imagem", aliás, é bem o reflexo disso. Mas descanse que é justamente esse incómodo que transforma a fé numa bela aventura.
4 comentários:
Meu caro conhecido desconhecido João Gonçalves:
Inteiramente de acordo com seu cristão depoimento em boa hora. O mesmo já eu pensara e expusera em linhas gerais a amigo coevo também como eu cristão que por obra e graça ou obra e desgraça de testemunho de também coevo «sacerdote», vulgo padre se defazou de uma vocação que começara por ser de inteira clausura «cartuxa» e agora acabou dando explicações -- ínvios mas ínvios os de Deus caminhos... Pois que é para disponibilidade TOTAL que Cristo chama amigamente a 100 por cento e sem voltar atrás deixando que mortos enterrem mortos... Ou os celebrem diria eu -- não fora no entanto lembre de Martin Luter King. Pois o mesmo pensei e expressei eu hoje pelas 17PM -- mão reparei na hora de seu post maS COMO DIZ POVO «JÁ NÃO MORREMOS HOJE»... oRA O QUE A PROPÓSITO de uma Senhora Estudiosa que terá lançado um livro sobre caminhos (seus) de descrença direi somente que a Senhora Outra Mãe e Virgem Mãe escreveu o mais belo poema de Mulher que conheço:
Minha alma glorifica o Senhor Meu espírito repousa em Deus Meu Salvador Porque okhou a humilhação de Sua Serva De ora em diante geraç~oes de Gerações Me chamarão Bem-Aventurada Acolheu de pobres em sua miséria E ricos depediu com as mãos vazias Como prometera a Nosso Pai Abraham e sua descendência Em favor de Seu Eleito Povo Casa Mãei de Seu Coração amoroso de ora em diante e por todo seu Sempre.
O senhor fez em mim grandes coisas Santo E Impronunciável ÈSEUNOME!
Grandes Maravílhas oprou O Altíssimo em favor de todos os que O temem -- inscrito fico ESSE poema no mais sinples e humílimo dos crentes no Amigo. Que saiba ao tempo não teve honra de «lançamento» Terra Inteira bendiz o Senhor -- venham agora os Vitais Noreira falar-me de dar a César. A César sim o sujo níquel do Imposto de meu suor!
Não quero incomodá-lo demais, respeitável cristão católico, mas será assim tão "evidente que os Evangelhos não constituem propriamente panfletos feministas a debater por mulheres mal resolvidas"?
- Serão o contrário disso?
- Nada disso?
- Algo do domínio da escrita erudita, que apenas alguns homens e mulheres 'bem resolvidos' merecem entender e aplicar, sem dúvidas, depressões, falhas de lucidez, faltas de inteligência, erros, omissões?
Mas afinal o que é um 'humano bem resolvido'?
Um espécime bastante eficaz na profissão, bastante religioso, bastante saudável?
Ora 'valham-nos os deus'!
Continuo a admirá-lo JG
MJ
era o único von austríaco. apesar da abolição estava-se cagando nos políticos
Da leitura do segundo post, veio-me à ideia ( que me perdoem) a imagem dos que, fartos de esperar, acoitados pela fome, sua e dos seus, têm fugido em desespero para a Galiza, aceitando as condições dos que os arregimentam e, com isso, estão prestes a levar os trabalhadores galegos à revolta. É mais um milagre da prosperidade por cá anunciada: até greves estamos prestes a exportar. Precisávamos de alguém com a precisão e o delicado sentido dos timbres, como Karajan, para dirigir isto, antes que o publico abandone a sala e deixe os músicos a tocar para si próprios.
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