No âmbito da "operação furacão", várias autoridades, com o estrondo habitual, irromperam pelos escritórios de duas ou três portentosas construtoras civis do regime. É sempre assim que se começa, "última hora" nos telejornais, primeiras páginas nos jornais e rádios. Durante uns minutos parece que qualquer coisa estremece. Depois, percebe-se que algumas dessas construtoras financiaram campanhas eleitorais dos dois maiores partidos. Aos microfones de uma rádio, o dr. Vitalino Canas, com toda a beatitude política do mundo e com o que aprendeu junto dos chineses em Macau, explica que os cidadãos - leia-se, os administradores das ditas construtoras - estão a zelar pelo "bem comum" (palavra de honra) ao investirem nos partidos. Quem investe nos partidos, investe na democracia, diz Canas. Com este argumentário, Canas acabou por não responder à pergunta do jornalista que lhe falava nas legislativas de 2002 ao que ele repenicava com o novo regime de financiamento dos partidos por particulares. Do PSD, não se ouviu ninguém mas recordou-se Paulo Morais, do Porto, e as "trocas e baldrocas" para a aprovação de projectos betoneiros pela câmara. A "operação furacão", como todas as "operações" que mexem no "núcleo duro" do regime, acabará numa leve brisa. Por isso, e já que falamos em construtoras, se se mexer muito, acabar-se-á por perceber que as "estruturas" estão podres. A rapacidade é atomista, nunca tem rosto, nome ou lugar. Depois não se admirem do Salazar ser escolhido no divertimento da D. Elisa como o "grande português".
3 comentários:
E teme o amigo Gonçalves e muito bem, que se venha a definir Salazar como, provavelmente, o maior português dos nossos tempos... e, diga-me lá, sinceramente, olhando para toda a continuada bagunçada destes anos passados, que é que acha...?!
Eu penso que é um insulto ao citado senhor, a comparação que se lhe faz.
Vergonha... pequenos e indecorosos.
«palavra de honra»
Com estes gajos, Canas & Cia,
estamos f's,
diria mesmo,
super f's.
Quem acode?
A sina dos "Devoristas" - título de Pulido Valente, no miolo do regime liberal pós 1820.
Z
O que me aborrece, é o tempo que ainda falta para o regime ir pelo cano abaixo ...
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