Só quem tiver o Público online (assinatura) ou em papel é que pode ter acesso às pérolas que se seguem. Uma senhora psicóloga, de seu nome Andreia Peniche, tem uma tese de mestrado com este extraordinário título: "Superando a perspectiva do corpo como campo de batalha: dimensionar o aborto no campo dos direitos". A referência ao "campo de batalha" a propósito do corpo e da sua "superação" é, desde logo, esmagadora. A Andreia terá lido Laclos alguma vez na vida? Trata-se, diz ela da sua tese, de um "discurso radical mas complexo e transgressor" que assenta na ideia de que "a proibição do aborto [por opção da mulher] não é uma medida avulsa, mas integrada na lógica de dominação patriarcal". E continua, falando da "completa ausência de conhecimento sobre a produção teórica feminista na reconceptualização das mulheres". O que é isto? As mulheres necessitam de se "reconceptualizar" remontando a paradigmas mortos e enterrados há dezenas e dezenas de anos? Que coisa mais retrógada e paternalista. Finalmente, a Andreia não se poupa em relação ao seu género, armada em aprendiz de dirigente feminista das massas exploradas sexualmente pela "dominação patriarcal". "O direito ao aborto exige uma concepção de democracia como agência, isto é, como reivindicação enformada politicamente no sentido da transformação das relações sociais de poder: porque exige que se perspective a sexualidade separada da reprodução e porque reclama a sexualidade como um direito das mulheres; porque exige o reconhecimento das mulheres como porta-vozes das propostas de transformação social emancipatória." Se eu fosse pelo "sim", arranjava uns folhetos com estes magníficos dizeres e ia pelos campos fora explicar aos meus concidadãos o que têm andado a perder: uma "transformação social emancipatória". Com um argumentário deste calibre, mais palavras para quê?
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