15.12.06

DA HISTÓRIA DOS VENCIDOS


Passou despercebida a homenagem que a Faculdade de Direito de Lisboa prestou ao seu ilustre Professor Marcello Caetano. Por o ter encontrado ontem ao almoço, soube que o José Adelino Maltez se encarregou da conferência. Enquanto ele não colige em letra de forma essa conferência, deve ler-se este belo texto sobre universidades e as elites que não temos. "Os tempos que nos devoram exigem que a ideia de universidade passe a rimar com os homens livres (...) Ontem foi mais um dia de muitos outros onde não descobri o silêncio nem a falta de paraíso, com mais uma prova de doutoramento onde fui um dos arguentes e uma conferência em memória de um dos maiores professores universitários do século XX que, por acaso foi presidente mandador mor da nossa república. Um dos que viveu a angústia do conflito entre a ética da convicção, como deve ser a razão da Universidade, e a ética da responsabilidade, que faz submergir o humanismo no mar maquiavélico da chamada razão de Estado. E Marcello Caetano, é dele que estamos falando, não conseguiu conciliar o lume da dita racionalidade finalística (a Zweckrationalitat de Weber) com o lume da dita profecia (Padre António Vieira), equivalente à weberiana racionalidade valorativa (Wertrationalitat). Ficou-se pela angústia, pela fidelidade a uma certa ideia eterna de universidade e pelo sonho de um certo patriotismo científico. Faz hoje parte da nossa história dos vencidos e por isso continua eterno."

4 comentários:

Anónimo disse...

Lamentável.
Que um homem sério,não tenha podido ver a realidade do seu tempo.
Com a Argélia francesa aqui tão perto.
Z

Anónimo disse...

Não fui já seu aluno. Mas valeram-me os seus manuais. E muitas horas passei no anfiteatro com o seu nome. A propósito - por trivial que pareça - de eternidade.

AM disse...

Não desfazendo do Dr. Salazar...

Anónimo disse...

Uma coisa é ver a realidade...

Outra é conseguir alterá-la....