3.8.06

QUEM MANDA


A generalidade dos "comentários" feitos neste post encontra a devida resposta aqui. Há um, porém, que merece mais atenção e que termina num "até lá", um "lá" a que eu não faço tenções de assistir. Não tenho a certeza que o acervo Berardo esteja assim tão nutrido de "obras capitais da humanidade", da mesma forma que ainda menos certezas tenho acerca desse conceito. É claro que a "colecção" de arte contemporànea do comendador interessa eventualmente ao país. Precisamente por isso, o país, através do Estado, deve acautelar esse interesse e não exactamente o do comendador. As "dúvidas" presidenciais e a própria intervenção directa do primeiro-ministro, depois das desconsiderações públicas que Berardo fez a Isabel Pires de Lima e, agora, a Cavaco, evidenciam que nem tudo foram, e são, rosas. Nestas coisas da "cultura" há sempre o pavor de se ser exigente para não passar por palonço ou "burocrata". Acontece que, na "balança Berardo/Estado", por mais voltas que se dê, existe um desequilíbrio que até um cego enxerga. Quanto ao mais, eu seria ainda mais radical. Toda a gente sabe que o país só funciona graças ao sistema bancário. Parasse ou falisse hoje todo ele, e a pátria afundava-se mais depressa que o Titanic, sem direito sequer a orquestra . As "empresas" e os "investimentos" com que sonha o dr. Pinho, vivem de quê? E as "famílias"? E também funciona porque existe uma criatura chamada Belmiro de Azevedo que, felizmente, aparece um pouco por todo o lado. Ou seja, se pudéssemos prescindir do sufrágio universal, entregava-se o país ao dr. Teixeira Pinto e acólitos, ao engº Belmiro e ao comendador Berardo. Belmiro e Teixeira Pinto encarregavam-se da economia, com a vantagem deste último poder também tratar da "cultura" através do mecenato. O comendador - menos dado ao mecenato e mais a si próprio - podia perfeitamente acumular as "artes" com a agricultura - a pouca e miserável que resta -, depois da sua recente inclinação vinícola. Acabava-se, de vez, para bem dele, com o ministério da Cultura e com uns quantos outros. Assim, e por fim, o país ficava entregue a quem efectivamente manda.

4 comentários:

Anónimo disse...

Filho, quem manda é o dinheiro. Podes apostar que o país não fica com ele.

Anónimo disse...

1.Post incongruente e que acerta ao lado;

2.Isabel Pires de Lima merece-me + consideração intelectual do que aquela que tenho pelo autor deste blog, embora não o conheça pessoalmente (mas a sua "obra" fala por si...);

3.Num governo de Santana Lopes, O Sr. talvez desse um bom ministro da Kültura, com um atabalhoado destes, mas, nos tempos que correm, seria uma catástrofe, pior do que o nuclear...

4.A sua fundamentação para eleger que os interesses do Estado se sobrepõem aos do comendador, e que aqueles não foram devidamente acautelados, é frouxa, defeituosa e subjectiva, até dizer basta;

5.O que é isso de interesse público? Como se afere? O 1.º Ministro não está legitimidado para o definir?
Quem me parece que não está é o PR, que mesmo discordando, promulgou a lei, ou não?

Anónimo disse...

confuso ainda, meu caro watson!

Anónimo disse...

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