21.8.06

NÃO HÁ ASSINATURAS DE GRAÇA

Por estes dias - é sempre por estes dias em que a pátria está no refrigério -o governo pediu aos organismos públicos que lhe indicassem os "avençados" e os prestadores de serviço (o famoso "recibo verde") que possuíam. Presumia-se que seria para avaliar a pertinência da sua manutenção e, sobretudo, reduzi-los ao estritamente necessário, quando não, a zero. Muito bem. Noutro governo, o de Barroso, altura em que eu pertencia à direcção de um instituto público - um teatro - surgiu a mesma solicitação, exactamente por esta altura. Lá se enviou tudo detalhadinho, com a identificação muito precisa do que se passava e do que se devia passar. Letra morta, naturalmente. Desde aí até esta data, o dito teatro já somou mais não sei quantos "avençados" cuja "necessidade" estará por explicar, essencialmente para a "burocracia" e para a "técnica". Se isto se passa num teatro, imagine-se numa vulgar direcção-geral, num instituto público propriamente dito ou numa daquelas carinhosas empresas de capitais exclusivamente públicos que "emprateleiram" notabilidades e nulidades que passaram para o lado da sombra. Por isto, o propósito de sonegar à visibilidade pública os contratos de trabalho celebrados entre o Estado e seus putativos trabalhadores, assinado pela mão do secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, abre um portão lá onde se pretendia alegadamente fechar a janela. Se assim for, o governo fica com a autoridade política diminuida para "mexer" na função pública. E a conversa da "redução da despesa", para justificar tudo e mais alguma coisa, passa a ser, no mínimo, rísivel. É que não há assinaturas de graça.

1 comentário:

Anónimo disse...

Claro!