9.8.06

DEMASIADO TRÁGICO

Ao arrepio do sr. Anan e dos seus amiguinhos do "conselho de segurança" - para já não falar na França e nos EUA, "inspiradores" de uma "resolução" irresolúvel por natureza - Israel reuniu o seu "conselho de segurança" - este sim, é para levar a sério - e decidiu prolongar a sua incursão no sul do Líbano por mais um mês, alegadamente para extirpar o Hezbollah. Sucede que há quase um mês que Israel promete todos os dias acabar com o Hezbollah e com a sua teimosa guerrilha, com o sucesso que se conhece. Feitas as contas, há mais de mil mortos libaneses, sem contar com a destruição das infra-estruturas básicas do país, e mais de cem israelitas. Aparentemente imune às investidas do exército israelita, o Hezbollah vai lançando tranquilamente os seus "rockets" que caem onde calha. E Israel persiste em atirar panfletos sobre os libaneses, ameaçando-os com uma bomba em cima caso apareça uma sombra vivente e circulante nos seus satélites. Nem o bairro cristão de Beirute foi poupado. Há qualquer coisa de irracional nisto tudo, logo vindo de criaturas que prezam a razão acima da emoção. O que quer dizer apenas uma coisa: Israel não está a controlar nada e, no seu desalinho militar, cada dia que passa descontrola-se um pouco mais. Até agora, os terroristas, nos intervalos do lançamento de "rockets", não devem fazer mais nada senão rir-se. De facto, Israel caiu na pior armadilha dos últimos anos. Seria cómico se não fosse trágico. Demasiado trágico.

5 comentários:

Anónimo disse...

muito trágico, de facto, mas deixo uma sugestão: faça uma pausa.

joshua disse...

E que tal Israel fazer uma pausa, ó anónimo Mancha Negra, qui caralho?

Na verdade, é pura loucura pensar-se que esta guerra terá quaisquer efeitos dissuasores. Vejo nela apenas uma maquiavélica manobra de diversão, enquanto se brutaliza ainda mais impudente e impunemente Gaza e a Margem Ociental.

Será muito difícil compreender que para os terroristas e para os processos terroristas actualmente em vigor no estado hebraico, quanto pior, melhor?

E melhor para estes últimos por servir para punir ainda mais as condições de vida dos já miserandos palestinianos; melhor por servir os propósitos de um Grande Israel a la longue nem que leve mil anos por se tratar de uma guerra de paciência, de um cerco lento, letal, de um muro bem pensado, sistemático.

Que o amor a uma cultura e a um país nos não cegue na hora de ver o que se passa, sobretudo quando se percebe que a guerra cirúrgica não existe e nunca existiu.

O que os Nazis fizeram em menos de 5 anos, esse crime que é lição de sofrimento irrepetível sobretudo para eles, certos extremistas israelitas bem piores que os Nazis, fá-lo-ão como quem espinha e pica e fode um pouco de cada vez leve o tempo que levar.

Os desígnios de Israel não passam por este serviço de limpeza.

Mas um dia conversaremos sobre o sumo de tudo isto.

Joaquim

Anónimo disse...

Há mais de três décadas, o bravo e pequeno Portugal lutava em três frentes em África, em defesa da civilização ocidental e da cristandade.
Queimávamos casas/palhotas dos naturais ás centenas, infligiamos e sofriamos baixas na ordem de dez para um.
Semelhante à percentagem no conflito Israel/Líbano.
Eram os «terroristas» da época.
Hoje e em tempo da afirmação «democrática», os 'bravos' pilotos da democracia, despejam os aviões ao lado de um funeral com centenas de participantes.
Algures na retaguarda, alguem terá lamentado não terem acertado na coluna do funeral.
Sinais dos tempo.
Z

Anónimo disse...

Olhe que embora o hizbullah não mostre os seus mortos e feridos não devem ser poucos... Se as coisas lhe estivessem a correr bem não estavam tão ansiosos pela paz...

Anónimo disse...

... e não aparece ninguém com estatura política e diplomática, e sem interesses obscuros, que imponha a serenidade.

"Vem, serenidade!
Vem cobrir a longa
fadiga dos homens,
este antigo desejo de nunca ser feliz
...
E dá asas ao peso da melancolia,
e põe ordem no caos e carne nos espectros,
e ensina aos suicidas a volúpia do baile,
e enfeitiça os dois corpos quando eles se apertarem,
e não apagues nunca o fogo que os consome.
...
Vem com teu frio de esquecimento,
com tua alucinante e alucinada mão,
e põe, no religioso ofício do poema,
a alegria, a fé, os milagres, a luz!
..."

Raul de Carvalho