Depois de uma entrevista parvinha da Judite de Sousa à ainda muito bonita filha de Marcello Caetano, Ana Maria, a RTP brindou os espectadores com um "documentário" sobre o antigo chefe do Governo. Tratou-se de uma coisa preparada com os pés, com uma edição medíocre e um "guião" escrito, para não ser mal educado, por gente impreparada e arrivista. A geração que não conheceu Caetano, fiocu ligeiramente na mesma ou pior. Retenho uns "momentos" ilustrativos do que digo. Como se isso interessasse para alguma coisa, o documentário referiu a presença do professor no Teatro de São Carlos quando a Callas lá foi cantar, em 1958. Segundo os guionistas, assistiu a uma récita da "Aida", de Verdi. Errado. Foi "La Traviata", do mesmo Verdi, um dado facílimo de obter. Depois, lá mais para diante, chamaram à "Acção Nacional Popular" - o "movimento" do "marcelismo" que substituiu a "União Nacional" -, a "Assembleia Nacional Popular". Finalmente, o período correspondente ao exílio de Caetano no Brasil, até à data da sua morte, em 1980, foi "passado" a correr, sem nenhuma referência à correspondência trocada com amigos durante esse tempo ou a intervenção de alguém que pudesse testemunhar essa época tão pouco evocada. Mesmo que os rapazes fossem maoístas, por causa da "assembleia nacional popular", a televisão pública prestou, com este documentário, um péssimo serviço público. Mais valia terem estado quietos.
8 comentários:
As perguntas eram parvinhas, e as respostas também!
Não vi a entrevista da Judite de Sousa a Ana Maria Caetano. O meu zapping ontem não passou por ali..mas conhecendo as duas não me custa a aceitar a intervenção do anónimo anterior.. que parelha! Reitero a minha recomendação (desculpe-me a presunção) que distraidamente fiz aqui num post sobre outro assunto: ler o ensaio do VPV ontem no Público.
O texto do "documentário" era do comunista (PCP) Rogério Rodrigues.
A RTP deu assim, mais uma vez, mostras da sua reconhecida "isenção"...
Ora, da-se para tal "serviço público!
Quanto à entrevista, acho que esteve muito bem, acima até do que é costume com a Judite.
Sobre o documentário não me pronuncio, pois não o vi, em relação à entrevista, gostei muito. Infelizmente o que me cria uma certa urticária é constactar que sempre que se fala de Salazar ou Caetano muita gente deseja omitir essa parte da história do país, como se estes senhores fossem os maiores criminosos da longa história do nosso Portugal. Daqui por cem anos, tudo isto será diferente, estes senhores farão parte da história de Portugal e ninguem se irá opôr a que haja, por exemplo, uma Rua Marcello Caetano ou uma Praceta Oliveira Salazar, isto porque o tempo levará aqueles que viveram no tempo desses senhores que, dada a proximidade temporal, têm ainda na sua mente a poluição e o sofrimento dos tempos do fascismo e dos momentos que se seguiram.
E se o 25 de Abril nos trouxe a liberdade de expressão, então porque não foi o Prof. Caetano, detido, julgado e condenado pelos seus actos? Teve sim que exilar-se no Brasil como acontecia com aqueles que em 24 de Abril pensavam de forma diferente do regime. Meus senhores, na minha modesta opinião de cidadão anónimo, o 25 de Abril de 1974, apenas abriu uma frexa na porta da liberdade e da democracia, essa porta ainda hoje não está totalmente aberta e estou certo que terão de passar mais umas décadas para vivermos em plena democracia.
a longa reportagem biográfica sobre o marcello caetano é uma vergonha. valeu pelas imagens de arquivo, mas o texto (independentemente de ter sido feito por alguém de esquerda. mais doq eu esqurda, era é parvo) era péssimo, não explicou nada e a musica insuportavel.
I 23
Satelite caira em França
Onde o impensavel acontecerá
cratera abrira
e muitos o cavaleiro leverá
Concordo com o João, a entrevista esteve bem. Não era possível esperar-se outra coisa. Falou-se de coisas comezinhas, como me parece que não podia deixar de ser,naquelas circuntâncias, mas perdeu-se a oportunidade de se falar sobre o tempo do exilio onde Maecelo Caetano continuou a escrever manuais de direito administrativo, a dar conferências e, pelos vistos, apaixonado, ainda que virtualmente. O VPV concerteza que proximamente escreverá sobre esta figura do antigo regime por quem nutro, pessoalmente, respeito intelectual. No plano politico, as coisas já não serão bem assim, mas depois de 74, quanta alarvidade politica se passou nesta nossa terra?. E tudo em nome da adquirida liberdade. E dessa gente quem se lembra de alguem intelectualmente referenciável? O grande Otelo..... e sus muchachos, mesmo os que, primeiro coniventes, depois o renegaram e andam ainda por aí. Estamos conversados. Quanto ao documentário! Por favor senhores do nosso serviço público, quanto dinheiro custou aquela coisa....Subscrevo inteiramente o referido pelo Tiago. Mais valia termos ficado com a entrevista à filha, pobrezinha, mas verdadeira. Um repto ao Vasco Pulido Valente. Interessa a todos nós cultores do direito e amantes da politica, saber de facto o que se passou depois do 25 de Abril àquele homem. Quantas traições..É para conhecermos melhor o bom povo português. Seria interessante. Estou à vontade neste posicionamento, pois antes do 25, bem penei....
LOLOL o que é que interesse ser a Aida do Verdi ou a Heide do Avozinho...alias, o que interessa este Marcelo, morto e defunto? nao ficou na historia, acabou!
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