8.8.06

LENDO OUTROS

O Rui Tavares é "esquerdino". Não importa. Isto é correcto. "Imagine como seria se Portugal fosse atacado a partir da Galiza como Israel a partir do Líbano. O pressuposto é o de que Israel faz apenas “o normal”, o que todos os países fazem. A realidade não confere. Espanha foi alvo de terrorismo durante décadas, e sabia que a ETA se escondia no País Basco francês. Nunca bombardeou Saint-Jean-de-Luz. O Reino Unido foi alvo de terrorismo durante décadas e sabia que o IRA se organizava na República da Irlanda. Nunca bombardeou Belfast, muito menos Dublin. Há menos de um mês, sete atentados simultâneos mataram mais de duzentas pessoas em Bombaim. Há fortes suspeitas de que os autores tenham vindo da Caxemira paquistanesa. Todos os ocidentais louvaram a contenção da Índia; e no entanto, ao contrário do Irão, o Paquistão já tem armas nucleares e partilha uma fronteira terrestre com a Índia. A lição é clara: o terrorismo é uma questão de segurança, policial, judicial, política. Pode ser atacado, com mais ou menos sucesso, por qualquer destas vias. Quando passa a ser uma questão militar, perpetua-se."

5 comentários:

jpt disse...

sim, isto é um lamaçal. e cada vez mais me parece um gigantesco erro político.

e há a desgraça (por mais que possa ser empolada, fotos e isso, que guerra não tem public relations?). a amiguinha da minha filha (4 anos) é libanesa, a família está mal, os nossos cafés comuns arrastam-se em desabafos - não faço conversa, é um horror, sentimo-lo bem nos nossos amigos, absolutamente laicos diga-se, e hezbolaizando-se à medida que o tempo passa

e nisto tudo só não percebo uma coisa (Quer dizer não percebo muito mais, mas em relação ao tão citável texto): a Eta (muito "contextualizável" e "compreensível", já agora, por algum(ns) prezados políticos portugueses, desses que abominam a besta facista do rei Juan Carlos) fazia parte do governo do d'estaing ou do miterrand? é que já não me lembro...era armada pelos alemães ou pelos italianos? varreu-se-me da memória, era miúdo. pode-me informar? ou vou ao google?

Anónimo disse...

O Rui Tavares é "esquerdino". Não importa. As comparações não colhem de todo. As organizações europeias referidas têm ou tinham pressupostos ideológicos de natureza completamente diferente dos da Jihad Islâmica, do Hamas, do Hezbollah ou dos Mártires de al-Aqsa. Os objectivos destas e os seus modi operandi não são comparáveis aos daquelas. O terrorismo da ETA e do IRA é, apesar de tudo, selectivo, não tem propósitos genocidas. (Vejam-se os atentados de uns e os dos outros.) Nem os Etarras, nem os Republicanos Irlandeses, tiveram alguma vez como objectivo acabar com a existência de um país chamado Espanha ou Reino Unido. E nem a França nem o Eire, apesar de uma certa ambiguidade, constituiram realmente bases para aquelas organizações. De algum modo, toleraram a circulação de indivíduos. O que está a anos-luz do que se passou no Egipto e na Jordânia ou do que se tem passado no Líbano.
O João Gonçalves não arranja uns argumentos melhores do que estas fantasias alheias para sustentar aquilo que cada vez mais parece um preconceito seu?...

Anónimo disse...

Talvez pudéssemos perguntar: o que faria um país cujo território fosse utilizado como plataforma para um grupo terrorista político-religioso? Que utilizasse conscientemente os seus cidadãos como escudos humanos? E que retirasse vantagem de cada baixa civil?

No entanto, para além de discordar absolutamente da arguentação do Rui Tavares, concordo com a sua conclusão. Não deveria de facto ter sido encarada como uma questão militar - e aí Israel caiu numa armadilha da qual dificilmente vai sair.

CC

António P. disse...

Bom dia,
Estou com o CB !
As comparações são fracas :
- no caso do Paquistão vs India : o próprio Rui T. diz " há fortes suspeitas que os autores tenham vindo da Caxemira paquistanesa "...ou seja suspeitas e não foi própriamente um ataque a partir do paquistão contra a India!
- no caso França vs Espanha com a ETA pelo meio : o governo de França ajuda o de Espanha na perseguição aos etarras o que não é o caso do governo do Libano ou da Siría.
Finalmente : a natureza dos terrorismos mencionado por Rui T. é diferente do terrorismo islâmico que visa acabar com um estado ( o de Israel )como tal se pode ser atacado por via policial há umaa omponente a que Israel só pode responder por via militar.
Cumprimentos

Anónimo disse...

O autor tem carradas de razão.