A intenção de Jorge Sampaio de dissolver o Parlamento deu azo a uma monumental trapalhada. Digo "intenção" porque, na realidade, nenhuma decisão foi ainda tomada. Este extraordinário complexo jurídico-político tem permitido as maiores extravagâncias e - tudo o indica- vai continuar a permitir. A única "instituição" que revelou alguma sensatez no comentário foi Mota Amaral que recordou o óbvio. A Assembleia da República, por muito que isso custe aos "formalistas", está evidentemente "ferida de morte", leia-se, de "morte" política. A ficção dos orçamentos é apenas mais um episódio decorrente da paródia instalada desde há dois dias. Mais. Pelo andar da carruagem não há nenhuma certeza que Santana Lopes, uma vez dissolvido finalmente o Parlamento, peça a demissão ou, muito menos, que Sampaio delicadamente lhe peça para se demitir. Pelo contrário, estão todos a fazer de conta que não se passa nada o que, levado ao absurdo, poderia conduzir a que este governo estivesse em plenitude de funções até à posse do seguinte! Se era para instalar mais um pequeno circo onde ele já estava montado há meses, mais valia Sampaio ter estado quieto e anunciar fundamentadamente uma decisão quando a tomasse. Assim, continuamos a ter Santana Lopes de manhã à noite a perorar sobre "o senhor Presidente da República", secretários de Estado a tomarem posse porque o primeiro-ministro, entre um casamento e uma ida à discoteca à noite, não pôde estar presente no dia certo, orçamentos a serem aprovados com "normalidade" e o dr. Portas a falar como se fosse membro de um outro governo. É caso para perguntar: aconteceu alguma coisa?
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