5.7.03

PEDRO E INÊS

Estive ontem na estreia de Pedro e Inês, uma coreografia de Olga Roriz para a Companhia Nacional de Bailado. Trata-se de um notável espectáculo e de uma leitura forte da mais famosa tragédia político-amorosa do nosso século XIV. A evocação cénica da coimbrã Quinta das Lágrimas é, a um tempo, despojada e bela, e os corpos do corpo de bailado da CNB falam bem da renúncia e do abandono amorosos desse infeliz casal, encomendado à morte pelo assassí­nio de Inês.

(...) Meu Senhor,
Esta he a mãy de teus netos. Estes são
Filhos daquelle filho, que tanto amas.
Esta he aquella coitada molher fraca,
Contra quem vens armado de crueza.
Aqui me tens. Bastava teu mandado
Pera eu segura, e livre t'esperar,
Em ti, e em minh'innocencia confiada.
Escusarás, Senhor, todo este estrondo
D'armas, e Cavaleiros; que não foge.
Nem se teme a innocencia, da justiça.
E quando meus peccados me accusaram.
A ti fora buscar: a ti tomara
Por vida em minha morte: agora vejo
Que tu me vens buscar (...)


António Ferreira- Tragédia Castro

Sem comentários: