4.7.03

O ESTADO DA NAÇÃO II

Lemos no Diário de Notícias:

Se tivermos um sismo igual ao de 1755, a Baixa pombalina de Lisboa dificilmente sobrevive», afirmou ontem Mário Lopes, da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica e professor do Instituto Superior Técnico, onde decorreu um colóquio sobre o tema.

O problema é que a maioria dos edifícios foram alterados ao longo destes últimos 250 anos com a abertura de montras, demolição de paredes interiores para fazer escritórios, instalação de canalizações, construção de casas de banho e acréscimo de andares. «No seu estado original, os edifícios teriam um alto grau de resistibilidade a um sismo, mas a sua adulteração poderá ser-lhes fatal», afirmou Mário Lopes.

Ainda assim, a Baixa de Lisboa tem um bom potencial de recuperação. Segundo Rafaela Cardoso, bastaria a colocação de vigas de madeira no topo dos edifícios para que a sua resistência melhorasse substancialmente.

Em pior situação, de acordo com Mário Lopes, estão as construções feitas entre o século XIX e 1940, tais como os das Avenidas Novas e de Campo de Ourique. «Como o terramoto já tinha passado há algum tempo, as pessoas esqueceram-se das suas consequências e deixaram de dar tanta importância à qualidade das construções», disse ainda Mário Lopes.

No caso das construções novas, é praticamente impossível saber se estão preparadas para um abalo sísmico ou não. «Como não há fiscalização, quem quer fazer as coisas bem feitas faz, quem não quer não faz...», referiu. «É preciso que a população esteja consciente de que existe este problema e não basta legislar... é preciso ter a colaboração dos interessados, como os inquilinos, por exemplo. Para se recuperar é preciso começar desde já fazer um levantamento rigoroso, porque cada edifício é um caso», concluiu.

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