12.7.03

A BRECHA

Neste País de "chicos-espertos", não se pode ceder um milímetro na razão de Estado quando efectivamente o Estado tem razão, coisa que acontece de vez em quando. No caso do "pagamento especial por conta" vs. taxistas, o Governo tem razão e nós sabemos que eles sabem que nós, por exemplo, não pedimos sistematicamente facturas. Depois de uma serena e bem fundamentada explicação pública acerca do tema, onde não perpassava qualquer transigência de circunstância, o Ministério das Finanças, via fax, deu uma "sugestão" miraculosa aos taxistas, relativa ao enquadramento jurídico-fiscal da actividade, que, de imediato, susteve a ameaça de uma Lisboa paralizada nas suas principais artérias. No dia seguinte, associações de comerciantes e outros mais que se avizinham, exigiram o "princípio da igualdade", leia-se, o famoso jargão do "não pagamos". Nesta matéria, não pode haver lugar a concessões. O oportunismo atávico e a conveniente inércia fiscal de alguns grupos societários e de lobbies - sempre os mesmos - não podem impressionar o Governo. Caso contrário, hoje abre-se uma brecha, amanhã uma racha profunda, e um dia qualquer o edifício vem abaixo.

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