OS PARTIDOS
Num debate promovido por uma tal Geração 22, no qual pontificava o Dr. Manuel Monteiro, da Nova Democracia, a minha amiga Inês Serra Lopes, que moderava, disse que "os partidos servem para conquistar o poder e para se agarrarem a ele, promovendo as piores pessoas pelos piores motivos". Acrescentou que as "pessoas de bem" pura e simplesmente não se deviam filiar em partido nenhum. Com a devida vénia, eu permito-me discordar. Os partidos, em geral, não têm culpa de a maior parte da sua militância ser constituída por uma massa acrítica de criaturas que encara o ofício militante com a mesma displicência com que vai ao mercado ou à missa. No meio desta acefalia consentida, há evidentemente uma ou outra criatura mais expedita que "dá a cara" e que "se sacrifica". Temos abundantes exemplos deste sublime despojamento em todas as áreas partidárias. Naturalmente ninguém espera que estes "heróis anónimos", chegado o momento certo, cedam o seu lugar às "melhores pessoas" e que se batam pelos "melhores motivos". Também há "pessoas de bem" nos partidos. Normalmente são aquelas que não precisam dos partidos para existirem na cidadania: têm vida, espaço e mona próprios, e, até por isso, acham que devem ser militantes. A única diferença é que não fazem disso uma profissão.
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