3.7.03

O HOMEM DO LEME

Discutiu-se hoje no Parlamento o estado da Nação. Podia porventura chamar-se o "estado a que isto chegou", e poucos notariam a diferença. Há dois dias, Vitor Constâncio, governador do Banco de Portugal, também tinha apresentado o "seu " estado da Nação que, a avaliar por aquilo que ouvimos na AR, apresenta algumas nuances relativamente ao discurso do Governo. A questão de fundo, parece-me, encosta-se a duas palavras-chave: credibilidade e confiança. Quem é que é credível e em que é que devemos confiar? Disse hoje uma sondagem que se confiava mais no PS do que no PSD, mas que já se confiava um bocadinho menos em Ferro Rodrigues do que em Durão Barroso. Depois, vem o problema da economia e o problema das finanças, e, para uma e para as outras, não são as mesmas as leituras conhecidas. Há quem diga que, depois de batermos no fundo, estamos a começar a erguer-nos, outros insistem em que continuamos sentados no deserto. É, pois, preciso acreditar em qualquer coisa e em alguém. Com a oposição relativamente devastada e inerme, Durão Barroso, sem ter chegado a ser optimista virtual ou triunfalista apressado, anunciou a "descolagem" para breve. Ao contrário de Guterres, que praticamente não existia, Barroso, tal como sempre entendi muito antes de ele ascender a S. Bento, sabe bem o significado daqueles dois simples vocábulos: credibilidade e confiança. A economia ou as finanças públicas não os dispensam. Nem nenhum outro sector. É, também, uma questão "cultural". Não tenho a certeza de que, em todos os sectores da governação, confiança e credibilidade façam escola. Nalguns casos mais flagrantes, já sabemos que não. Mas em Barroso, malgré tout, eu confio. É o unico.

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