2.7.03

INCURSÕES SOARISTAS

No seu estilo inconfundível e incorrigível, Marcelo Rebelo de Sousa, no passado domingo, lançou umas aleivosias sobre Mário Soares: que pertencia à história, que não devia sair da história para o presente político e, muito menos, para as presidenciais, etc, etc. Penso, aliás, que Soares se deve divertir à grande com estas e outras bravatas e dichotes do mesmo género. Creio que tudo ou praticamente tudo o que Soares pensa e escreve, é bem medido. Talvez tenha exagerado na questão EUA/Iraque, mas mesmo aí foi coerente. É um sobrevivente da "grande política" e nem que fosse só por isso, merece sempre a pena estar atento aos seus passos. Quando há pouco vi na tv as trocas de galhardetes entre um eurodeputado alemão e o Sr. Berlusconi, lembrei-me de Köhl, de Mitterrand, da Sra. Thatcher, de Gonzalez...e de Soares.

O Círculo de Leitores editou recentemente uma curiosa obra de Mário Soares, Incursões Literárias, que corresponde à reunião de textos escritos, a diversas instâncias, sobre autores portugueses, de Garrett a Álvaro Guerra. São pequenos retratos biográficos, em muitos casos, de homens e uma mulher- e que mulher, Natália Correia! - que o autor conheceu e com quem partilhou conversas, amizades e solidariedades. Soares - felizmente para ele - ainda é do tempo das tertúlias de Lisboa, famosas mesmo durante os "anos de chumbo" do Estado Novo. É um belo objecto, também, enquanto livro.

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