O JUIZ
A convite da inefável Ordem dos Advogados, esteve ontem aí a perorar o famoso juiz Baltasar Garzón, uma espécie de justiceiro global com origem na vizinha Espanha. Garzón foi a sequela mais mediática dos juizes italianos que, em anos ainda não muito remotos, alcançaram uma visibilidade e uma notoriedade públicas e políticas nas célebres "operações mãos limpas" e no combate à Mafia. Aliás, como lembrou o Abrupto, o consulado e as "peripécias Berlusconi" não podem ser vistas fora daquilo que é hoje a realidade judicial dita "independente", e os seus protagonistas juizes, em Itália. Garzón, por exemplo, nunca perdoou a Felipe Gonzalez não ter sido Ministro da Justiça. Quando o PSOE se pôs a jeito, lá estava Garzón à espreita. Depois "abriu a caça" fora do espaço espanhol, com Pinochet na mira. E por aí fora, provavelmente até ao Sr. Bush, a avaliar pelo que disse ontem. Certamente que muitos dos nossos "administradores da justiça" admiram a figura de Garzón. Et pour cause. Percebe-se nele uma atracção indisfarçável pela "política", onde se intui que lhe agrada este limbo ambíguo de fronteira entre a "política" e a "justiça". Sempre se poupa ao desconforto a ao incómodo do voto e da legitimação democráticos.
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