10.1.09

SE ATÉ JÁ VPV...



Em letra de forma, Pulido Valente, no Público, explica "as razões de Sócrates" em ignorar Ferreira Leite. São fundamentalmente duas. A primeira é que, ao contrário de Sócrates, Ferreira Leite não vê na política uma "vocação de serviço". VPV emite, pois, um atestado de verdadeiro sacrificado no altar da pátria ao admirável Sócrates enquanto Ferreira Leite não passa de uma "diletante" ou, em alternativa, de uma "notável" que preferiu ter tido sempre uma profissão em vez de se ter imolado em tão prestigiante altar. O facto de a escolherem para presidente do PSD é insignificante porque ela não brotou do «repositório de mediocridades, colectivamente subordinada aos privilegiados que de facto mandam» que faz do «deputado médio» de «hoje um triste figurante, sem influência e sem prestígio e, sobretudo, sem futuro.» As palavras são dele e mostram a AR - da qual, segundo VPV, Ferreira Leite devia ter emergido - tal como ela é. A segunda "razão" decorre disto. Dado que a AR é o "centro" ao qual as pessoas com "vocação de serviço" para a política se devem entregar em nome da "dignidade" do regime, não se pode pôr «de parte», ou subalternizar, «um órgão de soberania por causa da conveniência ou do estatuto de um qualquer indivíduo (como é que ele consegue escrever sem se escancarar a rir?).» Daí que Ferreira Leite não mereça "uma especial simpatia" já que «o regime precisa de mais dignidade, não precisa de menos» (é então Sócrates , pelos vistos, quem lha empresta)» e o destino do país não se pode decidir entre uma telenovela e um concurso», invariavelmente a forma escolhida pelo primeiro-ministro para revelar a fantasia que toma por um governo e com a qual nos pretende tomar a todos por parvos. O circo, o anúncio do anúncio do anúncio e a irrelevância acrítica dos jornalistas que lhe fazem o favor de divulgar a fantasia as vezes que ele quiser e onde lhe apetecer. E é a pobre da dra. Ferreira Leite quem anda a «diminuir a política»? Por amor de Deus.

(Clip: Natalie Dessay, em 1992, na produção de Roman Polanski de Les Contes d'Hoffmann, de Jacques Offenbach, para a Ópera de Paris)

9 comentários:

Anónimo disse...

A "vocação de serviço" que VPV atribui a Sócrates é um insulto a muitos portugueses. Digo muitos porque alguns vivem na mama dele e por isso é para eles a luz do sol. Para VPV, os portugueses devem ser governados por políticos profssionais, aqueles que vivem sempre à custa do orçamento, ou seja, por conta dos impostos dos desgraçados dos portugueses. Os profissionais da política são aqueles ditos gestores que desde o 25/4 se instalaram nas empresas públicas e apresentam prejuízos como resultados de gestão. Foi assim que chegámos a este socialismo de miséria que nos faz encarar o futuro com o maior dos receios. "Vocação de serviço"? Olhem para aqueles que têm vivido das benesses do Estado e vejam onde estão bem instalados. Sim, para esses nunca há crise. Bem podem agradecer a VPV a sua grande compreensão pelo esforço patriótico que dedicam a este País cada vez mais empobrecido. Afinal, VPV é um por élite que manipula os dinheiros do Estado, mas não faz mal. Estou a aprender coisas novas com VPV.

Carlos disse...

Pois, não deixo de concordar com o que diz, mas não exclua Manuela Ferreira Leite do grupelho que desprestígia o sistema político. Desde que ocupa a liderança do PSD nada fez para o prestigiar (é preciso recordar a abstenção do PSD na votação do Estatuto dos Açores?). Aliás, escrever, como o João Gonçalves escreveu, «a pobre da dra. Ferreira Leite», já diz tudo...

Anónimo disse...

esqueceu-se de dizer que MFL é «velha e mal vestida».

radical livre

joshua disse...

VPV converteu-se à revolução da mediocridade que se aninha na decrepitude da AR e do seu pior fruto e mais perigoso - o Socratismo.

Como uma anástrofe em pessoa, aliás inesperada, VPV incensa a máfia da comunicação concursante, da eficácia da mentira, da mentira como meio e como fim último da política - o Socratismo.

Tudo é comprável. Até o que parecia ser até agora a lucidez mais recordista das leituras e a mais biliosa e por isso mesmo saborosa delas.

É um inesperado armistício de VPV no diagnóstico ao inexorável apodrecimento nacional, às suas causas e aos seus cevadíssimos agentes.

Depois de esta inesperada capitulação de uma excelsa e famosa capacidade de ver já só faltava que outros se lhe seguissem capitulando e regredindo nos seus diagnósticos. António Barreto, por exemplo.

Sente-se no ar que o dinheiro-morfina vai circular a rodos e sossegar muitas opiniões incómodas para além das que pelo ano afora fazem o seu papel bajulatório e acrítico de negação da realidade.

Anónimo disse...

Já me perguntei se VPV não terá recebido alguma casinha da Câmara.
É que se tornou num verdadeiro papagaio do Socratino.
Como estúpido não é...alguma coisa o leva a dizer um chorrilho de aldrabices verdadeiramente absurdas.

Depois há os Socratinos disfarçados,como o nosso amigo Azevedo,sempre de serviço,sempre incansáveis,que não perdem tempo a denegrir F.Leite ou quem quer que se oponha ao traste mentiroso.
São missionários diligentes,é preciso sujar,enlamear,para que não se note que o deus deles está atascado em trampa até aos fundilhos.

Luísa A. disse...

Não sou parcial de nenhum partido, pelo que estou à vontade para dizer que vejo gente mais competente e sabedora (designadamente na área da Economia) e oiço análises e propostas mais consistentes (embora nem sempre adequadamente convictas) nas bandas do PSD do que do PS. E detecto muito mais «altruísmo» na Dra. Ferreira Leite do que no Eng. Sócrates – que apenas luta pela sua sobrevivência política (senão já pelo seu «império» político). Mas, por qualquer razão, ninguém parece ver, nem ouvir o mesmo. Há uma espécie de deliberada – e consensual – negação das evidências (designadamente da evidência de que há uma alternativa ao poder actual), que me impressiona bastante, porque não vejo solução para o que é deliberado e consensual.

Anónimo disse...

É assim VPV. Ora diz umas coisas acertadas ora desacerta. Não lhe esperava era esta de que deveríamos ter políticos profissionais. Se tal coisa fosse boa teríamos cursos para político. O que me admira nos EUA é precisamente o desprendimento que a nação tem com quem a serviu: Reagan morreu e mal se falou dele. Quando morrer um qualquer dos nossos iluminados mais entranhados no espaço político vamos ter um mês de meia haste e exequias uma semana em todos os canais televisivos.

Anónimo disse...

VPV tem umas dividas para pagar.E paga-as nos momentos decisivos.Veja-se o seu eterno romance e subserviência a Soares.Aparentemente a situação do poder Socialista é tão grave que VPV teve de voltar a ser accionado.

Anónimo disse...

Não esqueçam que todo o homem tem o seu preço.
O mal reside em não ser possível dizer, por falta de elementos seguros, verídicos, o seu montante.