Confesso que não partilho da concepção "fáustica" da diplomacia que nos governa. Entre nós, da esquerda à direita, há muita gente disposta - e outra já em uso - a vender a alma ao diabo desde que o diabo sugira prebenda ou cheire a gasolina. Aprendi com Jorge Borges de Macedo a interpretar de outra maneira o interesse nacional no mundo. Sempre que nos mostrámos invertebrados perante terceiros, perdemos. Por isso, custa-me ver um antigo chefe de Estado a fazer de porteiro, no aeroporto de Figo Maduro, para receber um ditador latino-americano "democrático". Sim, "democrático", porque os nossos comentadores e demais "especialistas" não se cansam de nos recordar que "ao menos Chávez foi eleito". E, claro, lá vêm sempre os 400 mil portugueses na Venezuela a servir de álibi para a curvatura da espinha como se Chávez se preocupasse, um segundo, com eles. Esta venalidade oportunista, própria de um país que não se respeita, tem a cor escura do petróleo esparramada sobre os princípios. O resto é conversa de chacha e uma nódoa negra no currículo político terminal de Mário Soares.
8 comentários:
Pois é, mas também seríamos ingénuos se não conhecessemos os contornos da "realpolitik" ...
JG:
Como se costuma dizer, ACERTOU NA MOUCHE.
Um, pelo menos, já o mandou calar. Disse o que os outros pensaram. Mário Soares é dos que apenas pensa. E gosta de se por em bicos-de-pés.
Essa ideia de uma enorme submissão Nacional Governativa aos novos Mefistos, também a observei eu aquando da visita socretina a Moscovo.
Agora com Chávez está por demais nítida. Mas o mais assustador é quando o Fausto interno vem, legitimado e poderoso, apertar o gasganete ao cidadão comum, apertar-me a mim e aos demais impiedoso. É o outro lado, é este lado do pacto, aquilo que na verdade dói de mais.
Como dizem os franceses, " a partir d'une certaine âge, on devient ce qu'on est". João, tire o véu que ainda põe diante dos olhos quando fala do Soares e reconheça sem ambiguidades nem pinças que o Soares nunca passou de um oportunista e de um exibicionista sem conteúdo algum.
sobrevive o mais apto, não o mais forte.
desconheço qualquer episódio da história de portugal em que essa coisa do ser ou não invertebtrado seja verdadeira. as nossas relações com o mundo já não passam pelo orgulhosamente sós. devemos escolher bem as companhias, então? pois claro. devo lembrá-lo de um episódio, visto por todo mundo, de um primeiro ministro português em exercicio, que servia de mordomo a uns senhores que decidiram instalar a paz no mundo. pessoas de bem.
o sr chavez é uma personagem tão sinistra e desprezivel como quase todos 'salvadores do povo'. mas é também uma externalidade negativa, mas inevitável, de politicas europeias e americanas na américa do sul de há muito a esta parte.
o resto é um 'nada sonoro'.
Não somos um país de brandos costumes! Somos um país de péssimos hábitos! O politicamente (in)correcto e doce acolhimento que fazemos a tudo e todos em prol da convivência "democrática" vai-nos trazer dissabores. Este país já não tem personalidade. Anda a reboque das contingências. Recorde-se a desculpa ridícula do Durão Barroso sobre a guerra do Iraque: Informaram-no mal!!!!!!! O fulcro é saber se na consciência real à data dos factos ele assume o que fez! Até estranho o Durão não ter sido convidado para o jantar dos socialistas. O sr. Soares deve estar arrependido de não ter experimentado aqui o que esse brilhante Chavéz está a fazer por lá!!!!
...uma verdadeira NÓDOA sempre foi o mário soares...
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