As ossadas do Fundador continuam a dar "água pela barba". Lembro-me de um professor de direito administrativo - Rui Machete - que, nas "orais", costumava perguntar se um sinal de trânsito era um acto administrativo. Eis que, séculos passados, Afonso Henriques dá lugar ao "erro administrativo". Por causa deste, segundo o IPPAR após aturada investigação, a devassa a realizar à sepultura ilustre, não pôde verificar-se. Aparentemente o "erro" começou na delegação de Coimbra do IPPAR, prolongou-se até Lisboa e acabou com a não autorização da ministra da Cultura para a profanação intelectual do túmulo. Esta peripécia é bem elucidativa de como a "simplificação" administrativa anunciada solenemente através de exibições várias em powerpoint não avançou grande coisa desde os tempos da fundação da pátria. Não há cantinho burocrático que não se leve a sério, não há dirigente minúsculo que não vomite importância. O resultado é, invariavelmente, o "erro administrativo". Também por causa dele, os museus não conseguem segregar as receitas provenientes do turismo das "internas". É tudo "por alto", a "olhometro". O dr. Pinho, com a sua conhecida lucidez, anda a estudar a maneira de a economia evidenciar as receitas do chamado - péssima terminologia - turismo cultural. E por falar em turismo cultural, é essencialmente por causa da "educação" e da "cultura" que Sócrates está no Brasil. Talvez tenhamos qualquer coisa a aprender, nessa matéria, com a nossa ex-colónia, e ela, com as nossas trapalhadas. Em caso de dúvida, lava-se a cara - como é uso nestas viagens - com uma exposição, um "comissário" para a exposição e a assinatura sorridente de uns "acordos". O pior é quando tudo, mais tarde ou mais cedo, esbarra no "erro administrativo". Um dia, quem sabe, quando se perceber que o "erro administrativo" reside na própria existência do "ministério da Cultura", pode ser que as coisas mudem de figura. Um ministério em que nem sequer há dinheiro para fazer andar os elevadores da respectiva secretaria-geral, para que é que serve?
2 comentários:
« ...E por falar em turismo cultural, é essencialmente por causa da "educação" e da "cultura" que Sócrates está no Brasil ... »
Acha mesmo ... ???
Bem, ao menos naquele tempo éramos portugueses, tínhamos um território que se estendia pelo mundo e agora não passamos duns pobres diabos, a viver às sopa da Europa. Que sorte marreca!....
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