3.8.06

GRANDES FRASES

"Quanto a mim, uma obra de ficção só existe se me consegue proporcionar aquilo a que chamo sem rodeios o gozo estético, isto é, uma sensação de estar, de certo modo e algures, ligado a outros estados de ser em que a arte (curiosidade, ternura, generosidade, êxtase) é a norma. Não há muitos livros desses. Tudo o mais é um acervo de lugares-comuns ou aquilo a que alguns chamam "literatura de ideias", a qual não passa muitas vezes de um acervo de lugares-comuns em enormes blocos de gesso, cuidadosamente transmitidos de século para século, até que aparece alguém com um martelo e dá uma boa martelada a Balzac, a Gorki ou a Mann."

Vladimir Nabokov, in Lolita (posfácio)

11 comentários:

Anónimo disse...

ou a nabokov!

Anónimo disse...

A leitura da Lolita foi - há anos atrás - não um gozo estético, mas um murro no estômago.

Anónimo disse...

É sempre surpreendente, intrigante, ver como os autores grandes podem ser injustos, brutais para com outros autores também grandes. Acompanhamos as linhas de Nabokov, vamos até "concordando" e estacamos no fim quando os exemplos dos "blocos de gesso" são Balzac, Mann. Acrescentaria Nabokov o nome de Broch à sua lista dos fazedores de "blocos"?... Passa-se o mesmo com Tolstoy (e Wittgenstein) a propósito de Shakespeare. E de Baudelaire. Os grandes escritores são também grandes leitores e, no entanto, dizem barbaridades, lêem e treslêem... Outras vezes, encontram qualidades extraordinárias em autores que hoje, para nós, não têm o mínimo significado e são muito menores. Terá isto que ver com a tal 'angústia da influência' do Bloom? (Lembram-se de Freud teimar em não ter sofrido a mínima influência de Nietzsche?)

Nancy Brown disse...

Caro cb a diferença entre nabokov e os autores citados é que para além de escritor, nabokov também foi professor de literatura e quanto ao q ele diz de Mann concordo plenamente. Mann é um simulacro de alguma coisa. A sua escrita pretende ser irónica e cai na mediocridade. Não sei se já leu "Aulas de Literatura" do Nabokov, também se aprende por lá alguma coisa, mas também não temos de concordar com tudo. Por exemplo o juízo que ele faz de Jane Austen é altamente deficiente, não a leu profundamente, de todo!

Anónimo disse...

thomas mann é medíocre desde quando e até quando?

Anónimo disse...

Nancy Brown,
não conheço Mann tão bem como Você para o poder considerar medíocre. Não li as Aulas de Literatura do Nabokov. Ainda. Mas não me parece de todo que se deva dar um valor especial às teses do Nabokov POR TER SIDO PROFESSOR DE LITERATURA. Elas são interessantes por serem do Nabokov escritor - o ser professor, como a gente sabe, pode ser bem irrelevante.
Tenho para mim que estes autores, mesmo quando dizem coisas... desconcertantes sobre outros, são sempre interessantes - podem por vezes dizer esplêndidos disparates que nos ajudam a ler e a pensar.

Nancy Brown disse...
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Nancy Brown disse...

Caro cb concordo plenamente com o q diz exceptuando dois detalhes: qdo ler as “aulas” de nabokov verá q ele é mais do q um prof de literatura acidental e q todos nós, quer queiramos quer não, temos determinada afectividade a ligar-nos a um autor e é a partir desse momento q nos tornamos permeáveis ao erro.

Anónimo disse...

Mas claro que sim, cara Nancy Brown! (Desta vez não vejo onde estão as discordâncias...)

Anónimo disse...

e o thomas mann?

Anónimo disse...

MAGNÍFICO ...