10.10.04

PEDIR O ÓBVIO

Daqui a sensivelmente um mês, o PPD/PSD vai realizar um congresso para "legitimar" Pedro Santana Lopes. Até agora, Lopes só foi legitimado por Jorge Sampaio, pela domesticada maioria parlamentar e por meia dúzia de serventuários que escrevem e peroram em alguma comunicação social. Os cento e picos bonzos que constituem o conselho nacional do partido só contam na medida em que poucos pensam. Quando chegar ao congresso, Lopes deve levar averbadas duas derrotas eleitorais. A primeira, nas "europeias", ainda a crédito de Barroso, passou-lhe directamente para as mãos com a luxuosa fuga daquele para Bruxelas. A segunda terá lugar nos Açores, no próximo fim de semana. Comum a ambas, a circunstância de o PSD aparecer coligado com o Dr. Portas, algo que, em concreto, é cada vez mais uma menos-valia. Para além dos assuntos domésticos, agravados pelo sinistro episódio Marcelo, é também a história desta nefasta coligação que começará a escrever-se. Era bom que o congresso fosse, não um passeio alegre para a demagogia e para Santana Lopes e respectivos cortesãos, mas uma ocasião para os militantes que ainda estão vivos se manifestarem. O sinal de que Santana Lopes se prepara para "tapar o sol com a peneira" foi dado ontem à noite nos Açores. A "cenoura" habitual da baixa dos impostos e dos aumentos para a função pública já foi encenada e acenada. A "comunicação" de amanhã certamente não deixará de o lembrar. Lopes limita-se a fingir que governa nos intervalos das exposições mediáticas, sem "contraditório". Alguém, no congresso, devia denunciar isto e, finalmente, pedir o óbvio.

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