20.10.04

O LIMITE

O orçamento das fraldinhas reservou cerca de dois milhões de euros para a "central" do Dr. Morais Sarmento. A coisa deve chamar-se pomposamente "gabinete de informação e comunicação", no "tempo novo" do Dr. Santana. No "Estado Novo" era o "SNI", o que vai mais ou menos dar ao mesmo. O Estado não dispensa meter o bedelho nos órgãos de comunicação social. Berlusconi, aliás, "é" a comunicação social estatal. Entre nós, dada a miséria congénita e a irreprimível tendência para copiar a melhor metodologia sul-americana, serve o que existe numa democracia verdadeiramente imatura. À galáxia semi-oficiosa da PT é preciso juntar o aparelho público. Sem pestanejar nem tremer nas suas convicções "democráticas", Morais Sarmento, com todas as letras, veio defender "limites à independência dos operadores públicos de comunicação" e o direito do governo ao "controlo" da respectiva programação, designadamente na RTP. Isto é demasiado sério para ser apenas considerado no lance da ironia. Sem substância, sem ideias, medíocre nos objectivos e diminuído intelectualmente na sua composição, este governo persegue a obsessão única e exclusiva pela "imagem". O receio de sair permanentemente desfocado no combate com a opinião pública, conduz o governo de Santana Lopes por um caminho demasiado perigoso. Numa palavra, isto tem um nome assaz conhecido: propaganda. Ao estado a que as coisas chegaram, e com Sampaio dormente, quem é que pôe um limite a isto?

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