No momento em que escrevo, estão a abrir - vejo na RTP - a "Guimarães 2012". Já tínhamos visto coisas semelhantes. De Lisboa ao Porto, e um pouco por todo o país com esses monumentos à glorificação pátria que são os estádios de futebol erguidos para o "euro 2004". 1994, 1998, 2001 ou 2004 são verdadeiros "marcos" no progresso de Portugal como se pode constatar amplamente em 2012. A retórica (o termo é de Maria Filomena Mónica em Cenas da Vida Portuguesa, de 1999, mal ela sabia que ainda faltavam o Porto, o referido "euro" e esta "Guimarães") é sempre a mesma. As sucessivas entrevistas que a RTP realizou são eloquentes a esse respeito. Mas, parece, escassa é a gente que consegue sobreviver sem um pouco de "magia", "ilusão" ou outra parolice qualquer. Bom proveito.
9 comentários:
Quando eu julgava que o presidente da câmara de Guimarães só ia enumarar mais 10 "suas exas.", ele enumerou pelo menos mais 20. Acho que acabámos de entrar novamente para o mais cultural e estimado de todos os livros: The Guinness Book of Records.
Mas que azia que vai por aqui ...
Dor de corno, of course...
Mal começou e já vai nos "afectos".
Com um bocadinho de sorte ultrapassa o Porto e o seu recorde da Casa da Música..
Segundo a reportagem a coisa mais emblemática um museu para a obra de José Guimarães mais umas salinhas para fazerem ateliers e onde os artistas de passagem por Guimarães podem criar obra (esta está orçamentada em 22 milhões, se bem ouvi) talvez fique pronta antes de acabar o ano da kultura.
Aqui
http://www.guimaraes2012.pt/index.php?cat=123&item=658&sup=123
Pois esta é exactamente uma das missões da televisão pública: exibir os eventos que tenham verdadeira relevância para o país. Por curiosidade, vi os inícios dos noticiários da TVI e SIC e parecia que em Guimarães não se passava nada, só importavam os desacatos entre extremista de esquerda e direita em Lisboa. Por muito que lhes desagrade, por muitas razões que possam ter contra esta capital europeia da cultura, é um galardão real e que vai razer eventos para a região durante o resto do ano. Ou queriam que se ignorasse? já que o ano se anuncia tão negro, mais vale aproveitar.
Insiste na asneira - o Futebol é uma indústria que dá de comer a muita gente, estimula o turismo, exporta emigrantes de luxo e mantém múltiplos pequenos negócios em funcionamento... Poderá dizer que não eram necessários tantos estádios; não deve dizer que não é necessário investir no Futebol... talvez perfira o investimento na Ópera, actividade em que "damos cartas" por esse mundo fora...
Já agora, se não estivesse enterrado nos estádios, onde estaria o investimento? numa offshore perto de si?
Que, no berço da nacionalidade, uns catalães tenham sido encarregados do espectáculo de abertura da coisa parece-me um tanto esdrúxulo.
O português com qualquer coisinha faz a festa. Contenta-se com pouco, infelizmente.
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