30.1.09

TEMOR REVERENCIAL?

1. Coligidas todas as inusitadas declarações televisivas da procuradora Cândida Almeida sobre o "processo Freeport", parece que existe uma espécie de temor reverencial perante a figura do primeiro-ministro. «Como no caso Casa Pia há pessoas de primeira e de segunda. Sobre o "Bibi" tudo se podia dizer sem medo de consequências, a começar por tratá-lo com essa alcunha depreciativa. No caso Freeport também há pessoas de primeira e de segunda. Sobre as de primeira nem pensar se pode, e falar muito menos. É toda uma chuva de precauções, cuidados, obséquios, declarações prévias, etc. Sobre, por exemplo, o senhor Charles, o tio e o sobrinho de José Sócrates, já tudo se pode dizer sem qualquer arrepio da língua. É assim que se fazem as coisas.»

2. «Não há transparência nos mecanismos administrativos, há uma partidarização do poder legislativo, de há muito que se assiste a uma tentativa brutal de controlo do poder judicial, a corrupção não é investigada a sério. Do lado da justiça, pactuar com mecanismos anacrónicos de funcionamento e não assumir a eficácia e a celeridade como paradigma já só contribui para a desgraça geral que é o estado actual da Nação.»

3. «Há uma suspeita sobre os "processos" e as "investigações em curso" sob "segredo de justiça" e que são publicados ou circulam entre agentes do poder. A República não pode estar na mão de traficantes de fotocópias ou de espiões vulgares. O novo sistema informático dos tribunais portugueses, o Citius, parece permitir a "consulta" dos processos por gente que lhes é estranha (o que acontece no actual, o Sitaf) – por um ‘administrador informático’; a partir daí, por um amigo, um director-geral, um empresário interessado ou um ministro curioso.»

5 comentários:

Anónimo disse...

Falava-se da ditadura, mas esta democracia representativa é mil vezes pior.Alguns homens da ditadura podiam ser fracos, mas o seu chefe não. Hoje, na nossa democracia de pataratas merdeiros, até o chefe é esterco político.

Luísa A. disse...

Há temor reverencial, sim, mascarado de uma elegância ou de um «fair-play» hipócrita, que me irrita ligeiramente. Toda a gente fala ou reconhece que a Justiça não funciona em Portugal (pelo menos com os «grandes»). Mas toda a gente acha, em relação ao «grande» PM, que se deve aguardar e confiar na Justiça. Toda a gente fala e reconhece que há corrupção aos mais altos níveis em Portugal. Mas toda a gente acha que ao «alto» nível do PM, e apesar da estranheza dos factos que vêm a lume, não é legítimo ter suspeitas – nem sequer formular juízos políticos! - até que a Justiça – que, reconhecidamente, não funciona - declare o contrário. É temor reverencial, sim, ou simplesmente temor. E é um nó górdio que anda a sustentar em Portugal uma perigosa – e danosa - elite de «intocáveis».

Anónimo disse...

Porque nao se calam todos e tratem de fazer o servico que lhes compete e quando chegarem a uma conclusao que a comuniquem... Isso chamaria eu productividade...

Fernando Antolin disse...

Desisti de vêr,há bocado,o "Opinião Pública" da SicN,os primeiros comentadores por telefone começaram a rasgar as vestes pelo PM e o convidado/comentador,advogado de apelido Subtil,nada subtilmente entrou logo a disparar contra cabalas,nada havia de novo,pois a Procuradora não sei quê,enfim,a Sic também parece já ter aderido ao "perdoa-me"...

Anónimo disse...

Cro-Magnon disse ..

Pois é ! eles continuam por aí ... os tais ..., aqueles a quem o poeta acusava de " eles comem tudo, ..."