28.12.08

O FUTURO VISTO A PARTIR DA TAILÂNDIA



Desta vez não concordo com o Miguel. Ou melhor, acompanho-o parcialmente no "balanço" mas, porque contraditório com ele, não o sigo na "previsão" nacional. "O ano foi devastador para a imagem do regime." Foi. "Nunca tantos, e de que maneira, disseram de forma tão desabrida que o regime, como está e como não tem servido Portugal, se possa aguentar por muito tempo sem uma reforma profunda?" É verdade. "Não fosse a Europa, já a tropa teria tomado de assalto o poder?" Impossível. Pela Europa e porque não há tropa, pelo menos tropa em regime de conscrição o que faz toda a diferença. "A corrupção, o divórcio absoluto entre o país real e o país político, o soçobrar das instituições que aquietam o povo, o eclipse da Presidência da República, a falência da Saúde, do Ensino, da Justiça e da autoridade das forças da ordem (...)." Tudo realidades. Só que contrastam com a imensa fantasia que tem sido alimentada nos últimos anos e que concorre com a mansidão do "povo" que jamais se "aquieta". Sucede que, nos últimos anos, essa fantasia (com uma ou outra nuance insignificante) tem um rosto perfeito. Justamente o rosto que o Miguel prevê "com fortaleza anímica capaz de se impor aos portugueses." Pior. O Miguel ainda pretende juntar a esta "fortaleza anímica" o pobre oportunista do dr. Portas que, de bom, só tem dois ou três parlamentares decentes. Conclui por um governo PS-PP lá para 2010. Vê-se mesmo que não pretende regressar tão cedo à Pátria. Não deseje, porém, tanto mal a quem de cá não pode sair.

Clip: Montserrat Caballé em Turandot, de Puccini. Seiji Ozawa dirige. Ópera de Paris.1981

7 comentários:

Combustões disse...

João
Eu não faço previsões "científicas", mas tenho a sensação que o que se vai passar em 2010 é, sem tirar, o que aconteceu a Barroso. Barroso quis ser PM sem parceiros e, no fim, convidou Portas. Sócrates vai precisar de um aliado. Quanto ao Primeiro-Ministro, eu que não sou do PS nem nuna votei PS, fico com a impressão - ou a intuição - que ele vai ficar por mais alguns anos, pois a oposição tem vindo a demonstrar com desenvoltura não estar apta para se constituir em alternativa. Coloco as coisas no extremo, pois sou, sempre, caricaturista. Talvez até possamos ter um futuro governo PS+CDS com abstenção do PSD.

Anónimo disse...

Puccini e Monserrat (em todos os aspectos grande como a montanha) não deviam vir associados ao descalabro chamado republica socialista.
infelizmente estou demasiado velho e com pouca saúde, de contrário já tinha abandonado a pocilga onde engorda a porca da politica.
a agonia é tão extensa que nem seique mais diga. tenho pena dos pobres e dos candidatos próximos e futuros
"enquanto houver um português com um pão, a revolução continua"
no que respeita às setas dos jornais transformava o pm em São Sebastião

radical livre

Nuno Castelo-Branco disse...

Talvez, João, mas então que alternativa temos? Aquela monstruosidade que sempre foi, é e será o tal P"SD"?? Com aquela gente? Dilemático, no mínimo.

Anónimo disse...

A "Turandot", é uma das minhas obras preferidas de Puccini. Mas a eleita é para mim a "Tosca". Recordo várias interpretações, em especial a da Callas (contracenando com Gobbi, no 2º acto), creio que uma das mais altas expressões de intensidade musical e dramática. O momento em que Tosca se volta para Scarpia e pergunta: "Quanto? Il prezzo?" é, no género, inultrapassável na história da ópera.

joshua disse...

A minha esperança, João e Miguel, é que alguma coisa de imprevisível suceda suficientemente forte para pôr em causa a argamassa partidocrática caduca sobre que assenta e empobrece Portugal: entregue a abutres não tem o País como nem por onde prosperar.

E não será difícil supor qualquer coisa como um regicídio ao contrário, sem uma elite de atiradores de elite, mas só com povo lúcido na sua brutalidade limpa, para que se operem duas transformações por que nunca a Rua soube clamar: rápida mudança de regime dentro do princípio do aprofundamento da democracia directa com Fora de Cidadão e reflexão séria e multilateral de quaisquer dossiês; afastamento voluntário/desaparecimento do mundo da política de esses frutos do aparelhismo partidário como Sócrates, inéptos para sentir de perto o povo ranhoso que não lê blogues nem pode discernir jornais e que coça por fora à superfície das calças os colhões do tédio desprezivo que lhe merecem as actuais instituições do Estado e quem as representa passenta ou corporativisticamente.

Quando o João entrar numa sala onde, sem o conhecerem, desde logo o não respeitam, estará na flor do país Portugal que os democratas clientelares degradaram e fizeram insosso e dissolvente.

Odeio, abomino, execro a mera hipótese de uma postiçagem de gente como Sócrates para um qualquer Take Two or Three. Eu não sobreviveria e o País abafaria de absolutismo democrático. Acordar de esse esterco e de essa energia anímica oligopolarizante, plutocratizante podera ser explosiva.

Anónimo disse...

Pois, meu caro João, concordo consigo e com o Miguel, excepto numa pequenina parte: o tal 2010. Antes que isto se volatilize o Cavaco vai cavacar, ou escavacar, que dá igual. Vai haver governo de Salvação Nacional e apartidário ou supra-partidária, tão certo como eu não ser chinês. Se me pergutar será a emenda melhor que o soneto ? Sempre lhe digo que é precisamente aí, que como se diz, a porca torce o rabo: É que entre Cavaco e Sócrates, ou qualquer outro, e isto inclui os professores e os doutores universitários com ou sem partido, venha o diabo e escolha. Porque, meus caros João e Miguel, o regime nunca mudará. Travestir-se-á com com "novas ideias" e os mesmos intérpretes maquilhados de outra forma. Aliás, se fosse de outra forma é que eu desconfiaria

Anónimo disse...

Esperança? Nenhuma!O país, salvo algumas e muito boas excepções, é um país de labregos, que tudo fazem para continuar a ser labregos.
Com uma cambada destas como se há-de poder tirar o país do pântano em que o meteram?