1.12.08

PROMESSAS


Comemora-se hoje a "restauração" da independência nacional, supostamente perdida para os espanhóis em 1580. Nessa altura, a Espanha, governada por Filipe, conhecido como o "demónio do meio-dia", senhor de um império "onde o sol nunca se punha", tratou de retirar-nos, a pretexto da sucessão de D. Sebastião, a soberania na ordem externa. Ou seja, o país mantinha as suas instituições políticas, mas quem o representava era Filipe II de Espanha e I de Portugal. Nunca chegámos verdadeiramente a perder a independência enquanto soberania na "ordem interna". Ficámos, antes, diminuídos na nossa capacidade de reacção diplomática, uma vez que a nossa fronteira, a terrestre e a marítima, era espanhola. Esta situação arrastou-se por cerca de sessenta anos e, no tal 1 de Dezembro de 1640, uma rapaziada garbosa, glorificada nos livros de história pátria, defenestrou os "traidores" e recuperou-se a tal soberania externa perdida anos antes, conhecida vulgarmente por independência. O episódio do 1º de Dezembro e respectivas sequelas bem podem ter representado um passo atrás. Já fui mais céptico quanto a ser "iberista". Poderíamos ter construído entretanto um sólido corpo de elites, cuja falta se sente cada vez mais, das universidades a S. Bento e aos partidos, passando pela administração pública e pela falsa "sociedade civil". O desastre de Alcácer Quibir levou-nos as poucas que possuíamos. E daí em diante é a melancolia que se conhece. Julgamo-nos independentes, contentinhos e "europeus". Promessas.

26 comentários:

Anónimo disse...

com o respeito pela casa de bragança
este dia foi um erro histórico
D. João IV teve dificuldade em aceitar.
filipe ii foi um dos grandes reis de portugal reino pelo qual tinha o maior respeito. o regulamento para a tropa embarcada em Toledo evidencia-o
«herdei, comprei, conquistei»

radical livre

André Moura e Cunha disse...

Curiosamente João, há alguns anos em Madrid, ainda não tinha completado o meu DEA, foi-nos marcado um seminário para o dia 1 de Dezembro.
Expliquei a uma colega minha, mais velha e conhecedora profunda da História de Espanha (embora os acontecimentos desastrosos para Coroa estejam pela rama - tudo na óptica do vencedor), o significado do día festivo que Portugal comemorava nesse dia. Nunca me hei-de esquecer das suas primeiras palavras (traduzo):
«E não estaríamos todos muito melhor juntos?»
Claro que reagi, sem pensar, até porque sou iberista, apenas para gerar o conflito de ideias, e disse que não.
Na excelente discussão que tivemos a seguir, ela relatou-me um pormenor que estava escondido no recôndito da minha memória, mas que em Espanha é ensinado na Escola:
Filipe IV (Filipe III de Portugal) preparava-se para trasladar a Capital do reino de Madrid para Lisboa.
Abraços,
André

Nuno Castelo-Branco disse...

... e a maçada que permanece, consiste no simples facto de a Espanha querer e insistir em resolver os seus problemas internos, à nossa custa. Nem pensar! Pelo menos nunca perdemos a cabeça, exigindo ou reivindicando Galizas ou outras espertezas do estilo. Isso fica para eles...*

*Nada tenho contra os espanhóis, mas "cada macaco no seu galho". Reduzir-me (ainda mais) oficialmente à condição de moleque de estrangeiros? Não!

Carlos Medina Ribeiro disse...

Filipe II de Espanha referia-se a Portugal de uma forma simples - mas que resumia tudo:

«Herdei-o, conquistei-o e comprei-o»

António Pires disse...

Para quê comemorar esta data? A comemorar alguma deveria ser a da batalha de Aljubarrota que "eles" (ia a dizer "nós") venceram. Se não o tivessem feito não haveria Portugal nem os Descobrimentos Portugueses. Já temos o 10 de Junho. Esta e o 5 de Outubro e 25 de Abril, que são simples mudanças de regime, são dispensáveis.

Pedro Barbosa Pinto disse...

:-)

Anónimo disse...

Neste 1º de Dezembro, não sei se hei-de concordar consigo.
O que sei é que Portugal se suicidou em Alcácer Quibir. Poucos ou ninguém ainda verdadeiramente estudaram o que significou aquele acto tresloucado!
Portugal já demorou demasiado tempo a enterrar o defundo à espera de o ver ressuscitar!
Não sou iberista, porque acredito que Portugal tem de enterrar Sebastião e reerguer Afonso. Reinventar um país como aquele o inventou...
Portugal foi sempre um país inventado. Não vale a pena procurar razões de identidade nacional. Essa está no nosso querer e vontade. Fomos o "Brasil" da Idade Média.
Depois perdemos a oportunidade de ouro quando a corte regressou.
É preciso, é urgente, reinventar!
Não copiar como fizemos durante os nossos malfadados séculos XVIII e XIX.
Xico

Anónimo disse...

neste portugal valetudinarium e neste diem perdidi:
rua joão pinto ribeiro separa os olivais de moscavide. dom fernando II não tem rua nem beco. com o nome de pinto encontrei uma peça francesa de teatro do séc. xix.
para compensar o alvi fluxus socialista da república das caricas e dos caricatos, quando der música indique o autor do libretto do teatro cantado do seu agrado.
regresso ao trabalho.tudo de bom para si

radical livre

Karocha disse...

Hoje é um grande dia para comemorar.
O nosso Prime foi eleito um dos mais bem vestidos LOL
O Homem deve estar com o Ego nos píncaros, qual BPN, BPP ou Pais no Caos!
Ficou à frente do francês...

Nuno Castelo-Branco disse...

Lá continuam as mentiras e mitos propagandeados até à exaustão pelos senhores do prp e das Conferências do Casino (belo sítio e bem emblemático para se discutir a pátria):

1. Os Filipes jamais quiseram transferir a capital para Lisboa, ao contrário do que agora alguns "historiadores" do reino vizinho querem fazer crer. De facto, a simples localização de Madrid, num lugar ermo mas central da Península Ibérica, é por si, um programa centralizador. Filipe I tinha simpatia para com Portugal, pois a sua mãe, Isabel, estava na memória do rei. Era um homem culto, de grande nível como estadista, mas preso às suas obrigações dinásticas e acima de tudo, ao interesse de Castela. Não tenham ilusões quanto a isso.
2. O primeiro Filipe era de facto um trabalhador incansável, mas com uma visão fundamentalmente continentalista, um equívoco que granjeou à Espanha a animosidade do resto da Europa. Possuindo um gigantesco império ultramarino - que lhe trazia riquezas - insistiu na quimera da unificação de um império europeu, sob a égide da sua Casa, sem atender a um milénio de História que condenava - e condena, digo-o sem qualquer problema - este projecto ao fracasso. Ontem e hoje.
3. A União liquidou a força anímica do reino português. Sugou-lhe os recursos navais - a Invencível Armada era composta, pelo menos nas suas melhores e únicas unidades pesadas militares - por navios da chamada Coroa de Portugal. A Espanha fechou os portos nacionais ao comércio com os demais Estados do Norte, o que os levou a navegar directamente para as Índias, esbulhando o nosso património colonial.
Internamente, os impostos foram sempre aumentando, para atender às necessidades provocadas pela permanente guerra com a Inglaterra, Holanda e França (e outros pequenos inimigos protestantes na Alemanha, Dinamarca e Suécia). As barreiras alfandegárias entre Portugal e Castela eram imensas e existiam normas proibitivas para a livre circulação de bens, capitais e comerciantes portugueses em terras da coroa castelhana. Qual unificação?

A gestão espanhola na nossa América do Sul, foi o desastre que se sabe e íamos perdendo o Brasil, factor que foi importante para o desencadear da revolução nacional de 1640.

A gestão espanhola na defesa do império da Índia foi o que se sabe.

O país foi desarmado, as fortalezas caíam aos poucos, sem obras ou manutenção. O patrocínio que a outrora coroa independente dava às artes, desapareceu - para a pintura portuguesa a ausência do rei foi um desastre - e a drenagem de quadros paraa as megalómanas aventuras militares na Flandres e na Itália, tiveram as consequências que sabemos.
4. Deixaram bem cedo de cumprir o estipulado em Tomar e a chamada União de Armas promovida por Olivares, visava reduzir todas as componentes da Monarquia, à obediência das leis de Castela. esta é a verdade, sem sofismas. Muito mais tarde, ainda Carlos III considerava como "política primordial destes reinos", a submissão de toda a Península à lei castelhana e aquele Tratado que o seu sucessor assinaria com Bonaparte, consistia na confirmação do velho programa absorcionista.

André, nem sequer concebo qualquer tipo de discussão destas, porque considerpo-a como uma afronta: pergunte aos austríacos ou holandeses, se consideram a hip´ótese de regresso ao convívio do reich alemão. É que pelo menos, devemos conservar a coluna vertebral, à falta de dignidade pela cobiça de uns tostões alheios.Esta vertigem mentirosa tem sido propalada pelo regime - antes era a promessa da CEE -, como a 1ª república prometia o bacalhau a pataco. Os espanhóis não resolverão coisa alguma e pelo contrário, Portugal ficará ainda mais pobre, periférico, sem qualquer poder de decisão e com a nossa língua relegada à condição do galego, basco ou catalão.

Nunca consegui perceber esta ânsia de rebaixamento que os portugueses continentais têm perante os estrangeiros. Nunca nos ensinaram tal coisa nas colónias, nunca. Julgam talvez, que desta forma serão mais considerados, nem imaginando por um só momento que poderão passar a simples ilotas. Talvez com esta crise que se avizinha no vizinho do lado, lhes passem as pulsões... Veremos.

Para finalizar, a tal expressão que alguns usam para ilustrar a união ibérica, ... herdei-o, comprei-o e conquistei-o..., é por si bastante humilhante para os portugueses. E pelo que parece, quase meio milénio volvido, regressamos ao mesmo, pela boca de "presidentes", primeiros ou segundo ministros. Que falta de vergonha, que m...das!

Há já mais de um século, as Lojas de Lisboa e de Madrid (com a excrescência barcelonesa), tentaram a reedição da fantasia, oferecendo a coroa ao rei D. Luís que exemplarmente respondeu:
"Português nasci e português morrerei". E este homem que rejeita a vaidade de ostentar a coroa imperial, é o mesmo que contra tudo e contra todos quis assinar a abolição da Pena de Morte e que não possui em sítio algum, um singelo monumento. Ah!, é verdade, o seu retrato voltou - para grande indignação dos bandidos do costume - ao seu devido lugar na Câmara dos Pares em S. Bento, Dá-me um certo gozo ver aquela escumalha que bem conhecemos estar a perorar abaixo, bem abaixo, do vigilante olhar do D. Luís. Bem feito!

caozito disse...

A primeira vez que visitei Espanha - Salamanca - tinha 18 anos (1959) e fiquei hospedado, perto da Plaza Mayor, num hotel em cujo átrio sobressaía uma pintura da península ibérica, sem legendas e sem a demarcação de fronteiras.

No meu entusiasmo de adolescente, chamei a atenção de um empregado para o facto de que, no mapa, deveria constar a "linha divisória" entre as duas nações.

Inicialmente disse-me que "no entendia" mas, depois lá foi dizendo que era "tudo Espanha" ; a seguir virou-me as costas, deixando-me ferido no orgulho patriótico.

Nunca esqueci aquela cena, fui ficando mais "velho" e, também, fui compreendendo que, talvez, nós e os vizinhos andássemos "sempre" de «costas voltadas».

Assim sendo, é "impossível um possível" casamento.

Blondewithaphd disse...

Nunca gostei do hiato histórico em que Espanha nos governou, governando-se com o nosso império. Porém, já nem sei se o iberismo não seria um não-mal. O Oliveira Martins se calhar lá tinha as suas razões...

Anónimo disse...

Apesar de muitas obras publicadas, dos dois lados, ainda não está devida e definitivamente estudada (se há alguma coisa definitiva, e muito menos em história) a presença dos Habsburgos no trono de Portugal. E quais as suas consequências, se não tivesse havido a Revolução (ou golpe de Estado) de 1640.

Filipe II, que era homem fanaticamente religioso e cruel mas inteligente e trabalhador, conservou sempre a distinção entre os dois reinos, uma decisão clarividente, pelo que a ideia peregrina da passagem da capital para Lisboa, se alguma vez lhe passou pela cabeça, ou aos seus sucessores, obrigaria à unificação ibérica, como é óbvio, já que não poderia haver duas capitais para um só Estado. Não creio em tal, dado que a criação de Madrid como capital supunha a intenção do centralismo geográfico, como, mais recentemente, fez Atatürk ao passar a capital de Istambul para Ancara ou Juscelino transferindo-a do Rio de Janeiro para Brasília.

Depois, os Habsburgos acabaram quase ao mesmo tempo em Espanha e Portugal. Em Portugal, com Filipe III, IV de Espanha. Em Espanha , com o filho deste, Carlos II. A seguir, foi a vez de Filipe V, dos Bourbons de França se sentar em Madrid, Casa ainda hoje reinante em Espanha, espanholizada em Borbón.

À época, os países pertenciam às famílias e herdavam-se, quando não se conquistavam. Mais recentemente, os espanhóis ofereceram a sua Coroa não só a Luís I de Portugal, mas a seu pai, Fernando II de Saxe-Coburgo-Gotha. Ambos, por razões diversas mas avisadamente, declinaram o convite.

Um século atrás, falou-se muito em Portugal de União Ibérica. Creio que a ideia, que então já vinha tarde, é hoje inoportuna. A menos que se registem factos agora imprevisíveis. O futuro o dirá!

MINA

fado alexandrino. disse...

Excelente post, assinado com muita coragem.
Português nasci e português morrerei".
A questão da Ibéria hoje impossível, uma grande ideia no passado não tem nada a ver com o fantasma de deixarmos de ser portugueses.
Acaso não somos uns do Benfica, outros do Porto e não vibramos com a selecção nacional (ainda por cima com dois estrangeiros que no futuro serão quatro)?

Anónimo disse...

Em primeiro lugar, a Espanha é um País formado por um conjunto de nações com línguas e culturas diversas que contestam o domínio de Castela. Basta ver o que se passa no País Basco com as suas reivindicações independentistas, algumas delas violentas, para se perceber até que ponto a Espanha, ao contrário de Portugal não é um País uno, como uma cultura e uma língua comuns ao contrário do nosso País.
Outra coisa são os interesses comuns de Portugal e Espanha inseridos no espaço europeu onde existe uma convergência na defesa desses mesmos interesses. Mas isto não põe em causa a identidade de cada um dos países.

Luisa Paiva Boléo disse...

Tive passaporte para Espanha em 1962 e durante anos fuiu lá praticamente todos os anos. Tinha lá família. Lembro-me como se vivia em Cáceres e Badajoz, dos carros, da pobreza, é certo que tinham todo a Guerra Civil, mas as senhoras chiques vinham a Portugal comprar sapatos e peças requintadas. Já fui a muitíssimas cidades de Espanha, conheço bem todas as regiões, mas não queria por nada desto mundo ser espanhola.
Acho que temos uma identidade própria e totalmente diferente mesmo dos Galegos, os mais parecidos na língua.
Houve dezenas de casamentos entre herdeiras dos reis de Espanha (em geral) e idênticos de herdeiras portuguesas que se casaram entre si
Claro que de parte a parte havia interesses em se unirem, mas daí a sermos um só país é remoto.
Fizemos esse fantástico Tratado de Tordesilhas deixando os monarcas da Europa apanhados de surpresa...
Se tivesse que haver uma União Ib´rrica teria sido com o malogrado filho de D. João II.
Morreu e o Destino se é que se pode acreditar nisso ditou que seríamos um país independente apesar de todas as vicissitudes.
Os Restauradores quanto a mim foram corajosos e tiraram-nos um peso de cima.
Portugal está muito bem assim e quem se pôe com tretas sobre o iberismo é porque não pensa nas constantes movimentações dos Catalães, dos Galegos, dos andaluzes. Para quê uma União Ibérica para estarmos agora a lutar para nos sacudirmos de Castela.
Estou bem como portuguesa embora goste dos espanhóis , mas é lá com eles a sua vida. Chegam-nos os nossos problemas e gosto muito mais da minha língua e do meu Tejo que eles conspurcam.
E os Filipes só podem ser considerados bons monarcas para quem não leu o que se passou com os holandeses e outros no nosso Brasil por causa dessa União Ibérica.

Anónimo disse...

Sem «soberania externa», como diz, não há soberania «tout court».

Anónimo disse...

A avaliar pelo que por aí se ouve, não me surpreendia que tivesse maior sucesso a comemoração da Dependência Nacional.

Apesar da crise, em Espanha o cidadão tem outra qualidade de vida.

É a vida...

Pedro Barbosa Pinto disse...

Os Albicastrenses são Beirões, têm Brasão, têm Bandeira... não serão Portugueses?
Os Mirandeses não são orgulhosamente Portugueses, os Barcelonenses Catalães e os Viguenses Galegos?
Se houver uma Ibéria alguém deixa de ser o que é?
Os nossos interesses, nesta Europa dos grandes que se vai construindo, não estariam mais bem defendidos numa Ibéria unida?

Como dizia Pessoa - "A minha pátria é a língua portuguesa"

Anónimo disse...

Ok!

mas deixo-lhe recado para ler a "Crónica de El Rei pasmado", para ver se percebe as diferenças.

Já agora, S teve uma trabalheira dos diabos para convercer os franquistas que invadir e anexar Portugal, não era bom pagamento ao auxiliu que ele, esmeradamente, lhes deu.

o que também dá para perceber com que casta de gente nos íamos unir.

Anónimo disse...

Isto só é novidade para quem não se lembra do que nunca aprendeu.

Desde a Fundação,mesmo na época de Viriato,as crises sempre serviram para delimitar os campos dos que sentem a chama do amor pela pátria e dos que procuram as trinta moedas.

Que impede os que não honram o passado nem o sangue de milhões de procurar o futuro noutra pátria (são todas as que paguem melhor!)qualquer?
Não há fronteiras na europa...e se essa outra pátria entrar em crise,podem sempre procurar outra qualquer!

Nuno Castelo-Branco disse...

Parece-me impossível que eles não tenham ainda compreendido as diferenças abissais entre nós e aquilo que eles designam por "espanha", expressão que de meramente geográfica, passou a política em 1492. A língua que falamos e que eles "no entienden"; a música que está nos antípodas; a gastronomia; a total falta de curiosidade que eles têm pelos outros, pelas suas línguas (irra, que são duros de ouvido ou preguiçosos!). Quanto à tal fantasia da capital em Lisboa no século XVII, jamais podiam tê-lo feito, pois quixotescamente agarrados ao "lixo herdado" na Europa do norte, central e do sul, Madrid surgia como clara aposta num centralismo que pretensamente equilibraria o tal "império onde o sol nunca se punha e do qual fazia-mos parte". Lisboa era o atlantismo, a política portuguesa de não envolvimento nas guerrinhas por condados e ducados renanos ou na Itália. Eles apostaram na megalomania e perderam.
Se a Restauração não tivesse vingado em 1640, teria vindo quando da guerra da Sucessão de Espanha 1701-14. Provavelmente teriamos dessa vez, ficado com o arquiduque Carlos como rei, pois Olivares - SE tivesse por absurdo conquistado Lisboa -, decerto decapitaria a Casa de Bragança. É claro que temos de reconhecer que tal desastre seriam hoje boas notícias para os lambe-botas de tudo quanto vem de fora. Ah!, e o Brasil hoje não existiria, assim como os Palops, etc. Enfim, seríamos um reles dialecto de uns 10 milhões de papalvos, tal como acontece com os 5 (?) milhões de catalães, etc.
Não vale a pena perder tempo com patetices, mas desconfio que esta histeria de alguns pelo calhau iberista, tem apenas um fito: viver às custas seja de quem for, uma vez que o "el dorado" da CEE está a chegar ao fim. mas que chulice, caramba!

Karocha disse...

Vou ser rápida, cínica e pragmática.
O povo tem os seus ditados "de Espanha nem bom vento nem bom casamento"
Desde quando são um Pais?
Cumprimentos
Manuela Diaz-Bérrio

dorean paxorales disse...

Faço minhas as palavras de Nuno Castelo-Branco e outros. O oposto, com todo o respeito, são jeremíades e ilusões que não aproveitam a ninguém. Nem a espanhóis.

dorean paxorales disse...

Só um pormenor: a restauração não aconteceu numa madrugada feliz de defenestração; foi precisa uma guerra de 28 anos contra Espanha até a levar à derrota. E isso não é obra que quarenta iluminados consigam fazer sozinhos e contra os desejos de uma nação.

Nuno Castelo-Branco disse...

Exactamente, dorean, exactamente!
O dia 1 de Dezembro foi longo, muito longo, pois durou 28 anos! E acabou com a derrota da Espanha e da Holanda. Para que conste!