1.12.08

O PARTIDO UNIVERSAL DOS DULCAMARAS


"O mais curioso é que, embora a imprensa escrita e falada seja intensamente opinativa, nunca se assume em termos políticos. Não existe em Portugal o alinhamento ideológico explícito de jornais e emissoras de referência que existe em todos os países. O público não é informado da orientação do meio que escolheu, porque todos dizem apenas a verdade. Todos os repórteres têm opinião, mas todos são isentos de orientações e partidarismos. Os resultados são caricatos. O actual Governo goza de clara benevolência jornalística. Apesar da contestação e inevitáveis "gafes", o tratamento não se compara com o dos antecessores. Por outro lado a imprensa já decidiu que Manuela Ferreira Leite não tem hipóteses. Não interessa o que pensa ou propõe, apenas que não sabe lidar com os media, o pecado supremo. Suspeita-se de campanhas organizadas, mas talvez não seja manipulação política, até porque o PS já sofreu o mesmo tratamento. A regra da imprensa é que "mais vale cair em graça que ser engraçado". O Bloco de Esquerda é sempre fresco e interessante, por muitos chavões bafientos que repita, enquanto PCP e PP são desprezados, por vezes sem disfarce. A culpa disto é em boa medida dos sujeitos, mas os mensageiros não são neutros. Existe muita gente honesta e bem-intencionada no jornalismo. Mas é evidente (e paradoxal) que a imprensa tem hoje uma má imagem. Também é verdade que existe uma falta de imprensa verdadeira, objectiva, respeitada, idónea. Muitos dos que relatam o jogo participam nas equipas. Quando o jogo se suja, avolumam-se as suspeitas. Isto ainda não afecta o poder da imprensa, mas já degrada a classe."


6 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom artigo!

Alguns jornalistas, uma boa parte deles, sobretudo os destacados para os lugares chave das máquinas de propaganda, não são mais do que uma espécie de stewards do regime. Viram as costas ao essencial, centram a sua acção na prevenção de danos, controlando e assegurando a sobrevivência do regime e deles próprios...

Anti

Anónimo disse...

25 abril e novembro confirmara a república socialista. o jornalismo de sarjeta reproduz a "voz do dono" socialista.
ex-politico do pp disse por escrito que pagava para passar a sua mensagem na tv.
politicos e jornalistas socialistas andam pelas ruas da amargura.
deles diria ludovico ariosto
«vieste ao mundo só para fazer esterco»

radical livre

Nuno Castelo-Branco disse...

A confiança que deposito na "idoneidade da imprensa" é zero! Quem a financia e possui?
Quanto ao facto do BE "ser interessante e dado a frescuras", creio tratar-se do maior embuste partidário de sempre:
1. Dois partidos, um trotsquista (PSR) e outros estalinista semi-maoísta (UDP) que se aliam, por mero oportunismo que rasga coerências ideológicas e conseguem assim chegar ao parlamento.
2- Uma base eleitoral de gente na sua esmagadora maioria privilegiada, vendo-se bem isto nas zonas onde obtém melhores resultados eleitorais.
3- O mais terrível golpe dado - em teoria - ao PC, criando um "companheiro" leninista inoportuno, embora os quadros do PC sejam socialmente, aquela burguesia, por vezes alta, que os comunistas tanto odeiam. Mas lá lhes esbulharam a estrela vermelha, a converseta de café e escondidinha nos fundilhos, a foice e o martelo.
4- O BE? Gente que tem permanentes tachos no aparelho do Estado há décadas e que de outros põe e dispõe para amigos e filiados?


No meio disto tudo, o CDS é um paupérrimo parente. Precisam dele quando os seus deputados votam os tratados europeus e é necessário para a política do Estado, para logo depois dele se esquecerem e votarem ao mais soberano desprezo. Mas que gentuça, esta !

Anónimo disse...

João Cesar das Neves é um homem virtuosíssimo, duma mundovisão extraordinária, dum arrojo e craveira intelectuais fora de série, em suma, um homem com uma cabeça estupenda como não costuma haver em países menores como o nosso.

Anónimo disse...

A ironiazinha do último anónimo é tão básica que só pode ter saído da cachimónia de um so-called 'jornalista'.

Anónimo disse...

Caro João César das Neves: não sou jornalista.