28.9.08

POR QUE SE MATAM OS POLÍCIAS?


Em poucos dias - não é "notícia" porque estraga o falso "glamour" em que o regime vive - suicidou-se uma meia dúzia de agentes policiais, ora da GNR, ora da PSP. Desde quase adolescentes (vinte e pouco anos) até homens mais maduros, esta gente que supostamente vela pela nossa existência, decidiu colocar um termo à deles porquê? A presença constante de uma arma é tentadora? A vida "privada" e a de agente da autoridade cruzaram-se em algum nó górdio irreversível? Sem provavelmente terem lido muita filosofia, estes homens, no acto limite do suicídio, descobriram aquele que alguns consideram o único "tema" verdadeiramente filosófico. E levaram, para a eternidade, esse segredo. Falo disto porque eram pessoas com uma função especial que, diz-se, o regime tem o dever de acarinhar para que eles cumpram o dever de nos proteger. Afinal, nem eles conseguiram proteger-se de si próprios. Dá para pensar.

9 comentários:

Anónimo disse...

V. se leu Albert Camus, sabe tão bem como os que o leram, que não há resposta para pergunta


ou

será que também o suicídio é "politizável"?

lusitânea disse...

Actualmente pode não haver muita mas ainda é um dos repositórios de alguma honradez.Constantemente traida por estes vende pátrias.Polícias e professores são os martires deste desgoverno internacionalista

Anónimo disse...

Há dimensões da vida que, por respeito ao próprio limite pessoal que ali está em causa, não devem ser politizadas. Não querendo escusar este medonho governo ou outros da influência que podem ter sobre a vida das pessoas (é bem real), não seria, mesmo assim, bonito ver estes casos serem usados como matéria política. São demasiado pessoais. Não faltarão outros episódios mais públicos.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Se houve agentes que se suicidaram devido a - p. ex. - conflitos profissionais com a hierarquia (ou, de um modo geral, por motivos relacionados com as condições de trabalho), o assunto é politizável, sim.

Buriti disse...

Não nos esqueçamos que o Homem é ele próprio e as suas circunstâncias. É um facto que todos estamos sós mas, paradoxalmente, há muita coisa à nossa volta. E nós temos sentidos, capacidade de raciocínio e algo mais profundo que não sabemos explicar. Há coisas que somos capazes de entender. Outras, não.
Concordo quando alguém diz que o suicídio é o único tema verdadeiramente filosófico.

António Pereira disse...

Estimado João, os meus respeitosos cumprimentos;
O assunto em si mesmo, é sério. Muito sério! Vários factores contribuem para este desfecho. Não são, somente,problemas ou conflitos familiares ou profissionais, que também os há! Não os podemos negar. É, acima de tudo, o estado de espírito dos polícias (GNR ou PSP)que radica no quase abandono por parte da hierarquia e do poder político. Sobretudo o poder político. Se a hierarquica, ela mesmo, se sente abandondada, pela tutela, como pode, essa mesma hierarquia ter disposição e vontade de apoiar os mais frágeis, que são, como os dados nos mostram, agentes da PSP e Guardas e Cabos da GNR. Os problemas que possam ter de índole familiar não justificam a onda de suicídios ora ocorridos. Presentemente, na PSP ou na GNR, mas mais na GNR, com isto da reestruturação é o salve-se quem poder, levando, quem tem resposabilidades, a alhear-se por completo dos verdadeiros problemas que afectam os seus profissionais.

A distância que os separa da família, os magros vencimentos que auferem, as exigências do serviço, cada vez de maior risco, as noites não dormidas, porque foram e são passadas na rua em acções de fiscalização e combate ao crime, a detenção de perigosos delinquentes e a consequente libertação dos mesmos horas depois, a esposa em casa (porque não tem trabalho ou emprego), e os filhos na escola, que diariamente fazem muita despesa, a casa para pagar e a prestação mensal desta sempre a subir. A única fonte de rendimento do polícia ou do GNR para dar resposta a todas estas despesa é o seu vencimento de 800 Euros ou pouco mais. Enfim. Cabe aos nossos governantes adoptar medidas que visem por fim a estes lamentáveis acontecimentos.

Anónimo disse...

Para certas almas(?) é óbvio que tudo é politizável. E não têem dúvidas que as chuvadas no Algarve,a seca no Alentejo,a crise dos "subprimes",o envenenamento do leite chinês,senão a morte do Paul Newman,alem da do Platão em tempos mais recuados,tudo se deve ao sinistro Sócrates a este abominável "regime".Claro que a vida dum polícia não é nem nunca será fácil,o isolamento muitas vezes longe das familias,a proximidade da arma,a vida de risco,a desconsideração social(a "bófia") etc. Concordo que deviam ter melhores condições,sobretudo os que vivem isolados,mas é sempre uma profissão de alto risco em todos os sentidos,e nem todos os que a assumem terão a resistência psicológica necessária . Os poderes políticos devem cuidar do caso ,evidente. Mas o suicídio é algo de extremo,misterioso,e nem sempre analisável. Por uma vez,respeitem os caídos,e deixem o Sócrates em paz. Uma vez,sim?

Anónimo disse...

O suicídio é um acto de protesto ..de desencanto ... pelo amesquinhamento da dor física ou psicológica com que se vive ou se é condenado a viver. Extremo mas genuíno, profundo mas óbvio, misterioso mas revelador. Não foi política mas será de origem política. Parabéns por este post ... nada político aliás.

Maria Lua disse...

Algo grave se passa neste país...
:-(