23.8.08

A SOLUÇÃO "REMEDIATIVA"

O "caderno principal" do Expresso - o Expresso todo - vale quase exclusivamente por causa de José Cutileiro. O resto é ilegível ou percorre-se com rapidez e esquece-se ainda mais depressa. Isto, por exemplo, é puro esterco. No entanto, um texto da jornalista Carla Tomás chamou-me a atenção. Um rapaz de uma escola secundária de Odivelas, com quinze anos, "passou" para o 7º ano de escolaridade (o antigo 1º ano do liceu) "chumbado" a oito das nove disciplinas, sendo que a única em que obteve positiva foi a educação física. Porquê isto? Porque o "sistema" a que a prof.ª Lurdes Rodrigues preside quer à viva força "reduzir as repetências". O matulão de quinze anos (com essa idade devia estar, pelo menos, no 10º) "aguarda" a entrada numa coisa apelidada de "curso de educação-formação" onde, de acordo com os "especialistas" da escola e do regime, "poderá adquirir conhecimentos técnicos que lhe servirão para a vida, e só passou nessa condição." Porém, como escreve a jornalista, nada disto está garantido. Para mal dela, foi ouvir o sr. Valter Lemos, o inexplicável secretário de Estado. Para Lemos, esta é uma "solução remediativa" (sic) e que permite "inserir" estas criaturas na sociedade através de "percursos curriculares alternativos". Presumo que estes "percursos" incluam, a médio prazo, assaltos a bancos e a gasolineiras se o "sistema" se esgotar, ou se revelar impotente, e os meninos se fartarem definitivamente dele. Isto seria cómico se não fosse trágico. E é revelador de um país que passa inteiramente ao lado da esquerda comentadeira e urbana, mais preocupada com tretas "fracturantes" do que com a realidade. Nunca li uma linha desta gente urbano-depressiva e pequeno-burguesa acerca da qualificação. Estão ocupados em demasia a observar o que se passa (ou não) por baixo dos seus enormes umbigos e em "regular" a vida dos outros pelo mesmo "padrão". Entretanto as "soluções remediativas" de criaturas intelectualmente estéreis como o sr. Valter vão fazendo o seu caminho sob o silêncio cúmplice destes "progressistas" de sofá. Se as elites são periféricas, o que é que se pode esperar do resto do país?

12 comentários:

joserui disse...

Excelente. -- JRF

Anónimo disse...

neste "dia léctico" valter deu asas à sua linha "encaracolada" de pensamento. tive um prof que chamava "parafusos" a estes indígenas.
assim esta praga acaba com o insucesso escolar sem falsificar estatísticas

radical livre

Anónimo disse...

Agora pense-se nos resultados dos outros alunos da turma do menino.Esta escola "inclusiva" que até coloca alunos caidos do céu sem saberem uma única palavra de português, mas logo com os subsídios todos desde que declarem pobreza, é a porta do insucesso.E a palavra "jovem" dada á maior parte da delinquência o demonstra.
O que interessa mesmo é colonizar Portugal com uma africanidade enriquecedora tipo Quinta da Fonte...

Anónimo disse...

«passou" para o 7º ano de escolaridade (o antigo 1º ano do liceu) "chumbado" a oito das nove disciplinas, sendo que a única em que obteve positiva foi a educação física»
Que podem dizer disto, quer o Aluno quer o País?
Meu Deus meu Deus, porque me abandonaste?
Dominados pelo lado negro da Força?
Bravo

Anónimo disse...

A grande procupação deste Governo é estatística.
Um dia destes, o país vai descobrir que, afinal, não só não há desempregados como todos os estudantes são génios.
Falta saber se nessa altura ainda haverá país.

Anónimo disse...

Também não votei no Valter Lemos.

Então não tenho que me sentir "INSULTADO" por 'justificações' (?) dadas e afirmações feitas por um político que não vale a "ponta de um corno" e desempenha (IMAGINE-SE !!!!) funções governativas ?

Em que país é que vivo, onde as BABOSEIRAS de gente (ir)responsável são 'coisas' sem importância ?

Ritinha disse...

O João é um pessimista. O futuro do rapaz tem logo de ser assaltante de bancos e gasolineiras, só porque "não dá" para para estas coisas da educação.
Todos sabemos que há um vasto leque de opções, como empresário, em que poderá chegar a homem mais rico do país, ou poderá abraçar a carreira política, onde as possibilidades de sucesso são quase garantidas.
Pelo contrário, se for bom nos estudos, resta-lhe uma profissão subalterna de médico, engenheiro ou professor.
E adivinhe quem serão os seus patrões?

Capitão Nemo disse...

Desta vez, João Gonçalves, concordo inteiramente consigo.

Unknown disse...

Suspeito que o talentoso rapaz terá o futuro assegurado:substituto da cavalgadura (perdoem a suavidade do termo - a situação exigiria linguagem mais vigorosa, mas...)no alegado ministério da alegada educação.
VIVÓ REGIME!!

Unknown disse...

Corrigindo :
a cavalgadura ,etc. etc., do Valter.

As minhas desculpas (mas não ao Valter...)

Anónimo disse...

E muitos outros concordarão. Resumindo,ou escolazinha tradicional direitinha,ou delinquência,pelo que talvez convenha exterminá-los logo que chumbem. Assim,para bem dos nossos bem-pensantes discípulos do dr.Gonçalves,com quem prefiro falar do Otello do que de política, não será má ideia ter um campozito de exterminação ao lado de cada escola. E por atacado,até talvez nem saia muito caro. Ninguem se lembrará de propor a solução actual alemã que a partir dos doze anos coloca os alunos sem apetência para o ensino clássico em escolas profissionais,ou simplesmente de repôr o nosso antigo sistema de Ensino Técnico destruido pelo Veiga Simão no tempo final do Salazar e prosseguido pelo Caetano? Os não brilhantes alunos da escola clássica não têm obrigatoriamente que ser delinquentes,mas bons mecânicos, marceneiros,estofadores,cozinheiros,etc,etc. Esta gritaria "anti-regime" sem propostas concretas de possiveis soluções,dá no ódio classista destes textos. Volto ao Otello.

Anónimo disse...

Depois de ler esse artigo da dra. Clara F. Alves, fiquei com a certeza de se tratar de uma pessoa snob, elitista, preconceituosa, que esquece as gaffes (algumas grandes e graves) dos seus queridos, intelectuais, cultos e cosmopolitas amigos. Como se isso fossem grandes virtudes! Desvaloriza o esforço e o mérito de alguém que o que tem deve a si próprio e a confiança que mereceu e merece de uma grande parte dos portugueses. Da grande inteligência, conhecimento e atenção aos assuntos de política externa que mostrou quando foi dos raros políticos ocidentais que aconselhou prudência na questão da indepedência do Kosovo.
Com esse artigo a dra. Clara F. Alves mostrou um espírito critico pouco rigoroso e uma inteligência "alienada".
Quanto ao assunto do "desinserido" de Odivelas, há uma questão que deveria ser colocada por todos os que estão preocupados e desenvolvem esforços "titânicos" na área da reinserção social. Essa pergunta que, em meu entender, deveria ser colocada a priori é muito simples, frontal e democrática: querem ser socialmente inseridos?
Eu pessoalmente acho perfeitamente admissível e democrático que haja quem não faça grande questão nisso. Assim poderíamos até criar um novo ramo de actividade na área da reinserção, o de conselheiro civilizacional.
A questão da educação e das qualificações é para mim a questão fundamental quando se pretende uma sociedade moderna, evoluída, onde todos possam aceder à cidania plena nos deveres e nos direitos.
Não me parece que para completar no mínimo o 9º ano seja necessário ser-se génio. Qualquer um, com um mínimo de vontade consegue lá chegar. Para aqueles que de facto não tiverem capacidades para o atingir no ensino normal, existe o ensino especial.
Quanto às políticas educativas, só há uma medida que todos estes pedagogos nunca se lembrarão de experimentar: exigir a todos os alunos e a todas as suas famílias esforço e responsabilidade.
Estes pedagogos previligiam os direitos daqueles que fazem da Escola um "recreio" total e permanente, recusando-se a aprender seja o que for, impondo muitas vezes a violência e a confusão dentro das salas de aula, em detrimento dos direitos daqueles que querem e que vão à escola para aprender, sem ter que ter medo do colega da carteira do lado.