12.4.08

O SILÊNCIO DOS MILITARES


O governo e as actuais chefias militares preparam um novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM). Apliquei várias vezes o actualmente em vigor quando estive aqui. Já naquela altura - 86, 87 - o achava desactualizado e despropositado em algumas das suas disposições. O RDM foi elaborado na sequência dos desastres do PREC e do "25 de Novembro". Percebia-se. Agora parece que o querem "modernizar" - a "esquerda moderna" adora "formatar" tudo o que mexe - incluindo, no novo RDM, normas que impedem os militares que não estão no activo de ter opinião pública. Também se percebe. A loquacidade nula da maioria dos deputados e da nomenclatura regimental não pode ser "ofuscada" por mais ninguém. Convencionou-se que o que é "civil" é bom por via da "natureza das coisas". Por exemplo, Soares e Sampaio servem, mas Eanes já não serve. Vasco Lourenço ou Loureiro dos Santos não servem, mas Alberto Martins, a Drago, a D. Edite, o Bernardino, o Telmo e o Mendes Bota servem perfeitamente. Em suma, um país de idiotas felizes uns com os outros.

Adenda: Ainda no âmbito deste RDM, um militar reformado foi objecto de um processo disciplinar por delito de opinião alegadamente perpetrado no seu blogue. A blogosfera - onde está instalada tanta capelinha complacente, subserviente e amiguista - por que é que não diz nada? Porque não se trata de nenhuma vedeta civil "mediática" ou politicamente correcta? Medeiros Ferreira, alguém que devia servir de exemplo aos bonzos da democracia, pronuncia-se sem temores sobre o tema aqui.

5 comentários:

António Pereira disse...

Eu já tinha reparado que o João não era um indivíduo qualquer, que de repente criou um blogue e começou a escrevinhar. Tem passado, tem história, e disso tem orgulho. As pessoas de bem são assim: orgulham-se do seu passado.
As matérias abordadas pelo João nos post,s com que nos presenteia, diariamente, têm substância; denotam saber e mestria.
Agora fiquei a saber por que razão o João é uma pessoa detentora de valores e princípios, bem patenteados quando opina: serviu no Exército Português como Oficial de Cavalaria e desempenhou a função de Oficial de Justiça da sua Unidade. Orgulha-se disso. E pode orgulhar-se! Não é p´ra todos!!
O João é, seguramente, um Português com “P” grande. O que hoje em dia, e cada vez mais, vai rareando.
Relativamente ao novo RDM que o governo e as actuais chefias militares preparam em substituição do RDM elaborado na sequência dos desastres do PREC e do 25 de Novembro, estou de acordo com essa substituição. O actual “catecismo” das Forças Armadas, designadamente algumas das normas que ele contém, já não se justificam, dado não haver hoje o SMO.

Anónimo disse...

"se um general incomoda um desgoverno,
dois miltares incomodam muito mais"

Anónimo disse...

Quero referir-me ao que é relatado em adenda por ser do meu conhecimento a acentuada queda de qualidade do Hospital da Força Aérea (HFA), nomeadamente no demorado período de espera necessário para a obtenção de uma consulta de especialidade, o que conduz às filas de marcação realizadas num dia específico da semana em que são disponibilizadas em número reduzido. Quem falhar terá que tentar melhor sorte na semana seguinte. A minha mulher, por exemplo, depois de várias tentativas frustradas, conseguiu uma consulta de oftalmologia indo para a "porta de armas", às 2 horas da manhã, para tomar lugar.
Não tendo este hospital serviço de urgência foi a ele que recorreu o Primeiro Sócrates quando luxou (entenda-se fractura de luxo) o joelho nas suas férias na neve, onde foi prontamente atendido. Fui lá num dia em que ele foi a tratamento e fiquei surpreendido pela espampanante comitiva e pelo serviço de segurança montado. E assim vão as coisas neste rectângulo: quem pode é imediatamente atendido; quem reclama, leva. Naturalmente que o Governo irá até onde as chefias deixarem. A atitude do CEMFA, neste caso, é deplorável, mas creio que não intimidará ninguém. A tentativa de vinculação dos militares fora do activo ao dever do "bico calado" também não creio que atinja o efeito pretendido.

Nuno Castelo-Branco disse...

A chamada classe política tem uma estranha forma de se relacionar com os militares. Em qualquer democracia normal, estes são visíveis naquilo que lhes compete e participam em eventos cívicos. Basta passar a fronteira e concluir que as FFAA desempenham o seu papel com toda a normalidade estabelecida constitucionalmente. Em Portugal, desapareceram das ruas, nem se vislumbra ainda que remotamente, a sua presença.
Os nossos políticos fazem-me lembrar os franceses: embora devam o que hoje são aos americanos do 6 de Junho de 1944, não conseguem disfarçar o despeito. No nosso país, a "classe" política limita-se a amesquinhar quem lhe deu o poder que jamais conseguiria conquistar por mérito próprio. Sintomático.

Anónimo disse...

João Gonçalves,
A única coisa a fazer, porque é o dever, é cumprimentá-lo.